Filme do Dia: A Tenda Vermelha (1969), Mikhail Kalatozov

 


A Tenda Vermelha (Krasnaya Palatka, Itália/URSS, 1969). Direção: Mikhail Kalatozov. Rot. Original: Richard L. Adams, Robert Bolt & Ennio De Concini. Fotografia: Leonid Kalashnikov. Música: Ennio Morricone. Montagem: Peter Zinner. Dir. de arte: Mikhail Fishgojt, Giancarlo Bartolini Salimbeni & David Vinitsky. Cenografia: Franco D´Andria & Yuri Ekonomtsev. Figurinos: Natalya Meshkova. Com: Peter Finch, Hardy Krüger, Mario Adorf, Claudia Cardinale, Eduard Martsevich, Sean Connery, Massimo Girotti, Grigori Gaj, Nikita Mikhalkov.

Em 1928, uma expedição italiana pioneira ao Polo Norte acaba sendo vítima de um desastre, com o dirígivel que se encontravam se chocando contra o gelo em uma região desértica. O comandante da expedição, General Umberto Nobile (Finch), vê sua autoridade contestada quando um grupo de três homens, entre os sobreviventes, resolve partir em busca de socorro. A enfermeira Valeria (Cardinale), apaixonada por um dos homens da tripulação, o meterologista Malmgren (Martsevich), consegue persuadir o aviador Lundborg (Krüger) a ir atrás dos desaparecidos, em troca de favores sexuais. Antes dele, outro aviador, Amundsen (Connery), havia tido um final trágico, quando seu avião igualmente também caiu. Lundborg consegue encontrá-los e persuade o General Nobile a partir com ele. Porém, o deslocamento constante do gelo e as dificuldades meteorológicas impedem que o restante da equipe seja salva em pouco tempo. Nobile, por ter escapado, torna-se bode expiatório dos parentes e amigos dos desaparecidos, ao mesmo tempo que incensado pela imprensa.

Essa super-produção internacional que inicia no ritmo do cinema-catástrofe, tão  popularizado pelo cinema americano ao longo da década é uma cansativa e pretensiosa tentativa de retratar, muito tempo depois, como o General comandante da expedição convive com os fantasmas do passado, inclusive de muitos dos mortos no episódio. O recurso que o cineasta se utiliza é reunir todos para um julgamento na residência do próprio general. Porém, se tal recurso ocasionalmente funciona nas mãos de cineastas do calibre de Bergman ou dos irmãos Taviani, aqui acaba soando tão involuntariamente rídiculo como a forçosa e inverosímil paixão de última hora da enfermeira pelo meteorologista. Suas tentativas de criar uma atmosfera passional, no último caso, resulta em uma seqüência de batalha de neve ao som da péssima trilha sonora, enquanto um moralismo raso envolve tanto aqueles que condenam o general como seus opositores. Não falta uma evidente alusão à integridade russa, por parte de uma equipe de salvamento que só pretende revelar as coordenadas em que se encontram perdidos, se o barco em que estão baseados se comprometer em salvar dois dos membros da equipe italiana. Kalatozov, que atraiu a atenção internacional com seu super-estimado Quando Voam as Cegonhas (1959), apenas acentua os traços de um cinema excessivamente pesado que já era pressentido em seu filme mais famoso. Talvez o único ponto positivo sejam a fidedignidade de suas locações, em meio a uma imensidão de gelo e blocos enormes de icebergs que degelam em poucos segundos. Uma outra versão, russa, foi lançada, com 195 minutos. Baseado em história real.  Mosfilm/Vides Cinematografica.121 minutos.

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