Filme do Dia: Simpan (1999), Chan-wook Park

 


Simpan (Coréia do Sul, 1999). Direção e Rot. Original Chan-wook Park. Fotografia Hyeon-cheol Park. Com Hak-rak Choi, Jub-bong Gi, In-bae Ko, Myeong Sun-mi.

O corpo de uma jovem em um morgue, vítima de um desabamento de grandes proporções, provocado por um terremoto, é reivindicado por duas famílias.

Mesclando, de modo engenhoso, cacoetes do filme noir (inclusive sua fotografia sendo em p&b) com  tragicomédia familiar, este curta de início de carreira do realizador coreano de maior destaque nas duas décadas iniciais do século seguinte, já demonstra a que veio, a partir de muito pouco – em termos de locação e provavelmente produção – mas generoso em termos de criatividade.  E o golpe de mestre do realizador é traduzir em sua ficção a motivação original, a maior tragédia ocorrida no país no mesmo ano, a do desabamento de uma loja de departamentos, através da ganância de quem pretende receber a quantia vultosa em dinheiro que é prometida pelo governo às vítimas do desabamento. E ainda há um breve comentário escatológico adequado uma vez mais ao período de sua realização, vinculando toda a frequência crescente de desastres naturais ao milênio que se encerra.  Mesmo que o final, surpreenda, não agregando somente algo de positivo, já que demasiado exagerado e disruptivo em relação a sua conformação, há também um uso bastante criativo de imagens de arquivo, não deixa de trazer um elemento inusitadamente cômico em seu fecho. O tema musical clássico, utilizado fartamente pelo cinema, foi usado como pontuação ritmíco-irônica no sentido kubrickiano do termo. O casamento atravessado entre noir e tragicomédia familiar nunca é tão ressaltado quando na súbita aparição da filha, que teria sido a morta segundo um casal, na figura de uma mulher a vocalizar sua revolta contra os pais, mas cuja imagem inicial mais sugere a de uma Femme fatale abalada por um terremoto emocional.  |Studio Box. 26 minutos.

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