Filme do Dia: Nós, as Mulheres (1953), Gianni Franciolini, Alfredo Guarini, Roberto Rossellini, Luchino Visconti & Luigi Zampa
Nós, as Mulheres (Siamo Donne, Itália, 1953). Direção: Gianni Franciolini (Alida Valli), Alfredo Guarini (Emma Danieli e Anna Amendola), Roberto Rossellini (Ingrid Bergman), Luchino Visconti (Anna Magnani) & Luigi Zampa (Isa Miranda). Rot. Original: Cesare Zavattini & Luigi Chiarini (Emma Danieli e Anna Amendola; Ingrid Bergman, Isa Miranda); Cesare Zavattini & Giorgio Prosperi (Alida Valli); Cesare Zavattini & Suso Cecchi D´Amico (Anna Magnani). Fotografia: Otello Martelli (Emma Danieli e Anna Amendola; Ingrid Bergman); Gábor Pogány (Anna Magnani); Domenico Scala (Isa Miranda), Enzo Serafin (Alida Valli). Música: Alessandro Cicognini. Montagem: Jolanda Benvenuti (Ingrid Bergman); Eraldo Da Roma (Isa Miranda), Adriana Novelli (Alida Valli), Mario Serandrei (Emma Danieli e Anna Amendola; Anna Magnani). Dir. de arte: Ugo Boetler. Com: Ingrid Bergman, Alba Settacioli, Renzo Rossellini (Ingrid Bergman); Anna Magnani (Anna Magnani); Isa Miranda, Roberto Giagnoni (Isa Miranda); Alida Valli (Alida Valli); Anna Amendola, Emma Danieli, Cristina Doria, Cristina Fantoni, Madeleine Fischer, Cristina Grado, Maria Grazia Jacomelli, Donatella Marrosu, Gina Melluci, Mara Todisco, Lello Bersani, Dina Bini, Doria Catosso, Regina Dainelli, Christina Deria, Marisa Funaro, Rossana Galli, Luciana Gilli, Rosa, Giovannini, Liliana Mais, Marcela Mariani, Ana Maria Mazzarini, Angela Scopelliti, Solimano (Emma Danieli e Anna Amendola).
Emma
Danieli e Anna Amendola. Um número exorbitante de garotas vai
aos estúdios Titanus para provas eliminatórias que selecionarão duas atrizes
que irão participar de um filme com divas já consagradas do cinema, Anna
Magnani, Alida Valli, Bergman e Isa Miranda; Alida Valli. Valli decide fugir de mais um compromisso
profissional, uma festa com pessoas do meio cinematográfico, para visitar um
baile de noivado de sua massagista, onde acaba não apenas se maravilhando com o
universo popular, distante do esnobismo de seu meio, como flertando com o
próprio noivo; Ingrid Bergman. Atriz
se vê as voltas com o frango de uma vizinha mal-humorada (Settacioli), enquanto
prepara um almoço para convidados que chegam de Roma; Isa Miranda. Miranda volta de um dia de trabalho nos estúdios
Titanus quando vê um garoto ferido por uma explosão de carbureto. Leva-o para
casa e lá redescobre o universo humilde de sua infância, enquanto cuida dos
garotos até a chegada da mãe. Voltando para sua mansão, deserta e sem filhos,
sente-se mais vazia do que nunca. Anna
Magnani. Ao pegar um táxi para o teatro, Magnani vê-se às turras com um
taxista que pretende cobrar a passagem de seu cachorro. A atriz decide ir até a
Polícia para resolver a questão, chegando atrasada para sua apresentação.
Decepcionantemente simplória visão do
universo dos bastidores de algumas das atrizes mais famosas do cinema italiano
do momento, por conta da auto-indulgência, superficialidade, sentimentalismo e
inocuidades dos próprios sketches. Em
Emma Danieli e Anna Amendola,
busca-se um certo traço documental e meta-narrativo, ao se optar por
representar os bastidores da escolha de atrizes novatas que se incorporarão aos
outros segmentos, já que se tratam de atrizes até então desconhecidas. Opção
que, no final das contas, demonstra ser profundamente fake. O segmento que dramatiza momentos de Valli e Miranda recaem
nos já então gastos clichês das famosas e bem afortunadas que se deparam com
momentos da vida popular que lhes foi negado pela celebridade de maneira
profundamente piegas e rasteira, chegando a ser involuntariamente ridículo
sobretudo Valli se sentindo constrangida por desejar subitamente o noivo da
amiga. Quanto ao episódio sobre Bergman, ainda que possua o discutível mérito
de apresentá-la da maneira desengonçada e pouco charmosa que ela própria
atribuía a si, completamente distanciada da imagem construída pelo cinema, soa narcisista
e inócuo, consideração que a própria atriz vem a expressar, talvez sinceramente
constrangida, ao final do mesmo. Por fim, o sketch
sobre Magnani procura explorar sua fama de temperamental e a atriz não precisa
ir muito além da representação de si mesma que a acompanhou ao longo de sua
carreira, porém sem que qualquer comicidade seja extraída (aliás Visconti nunca
demonstrou grande talento para o gênero cômico, seja aqui ou no episódio
realizado para Boccaccio´70) e ainda
com uma dispensável seqüência final em que Magnani canta na sua apresentação
teatral. Os planos de transição que entrecortam os episódios são dos cartazes
das produções mais célebres encarnadas pelas atrizes, mas esta sua visão um
tanto quanto antiquada das “divas cinematográficas” envelheceu tão mal quanto
os álbuns de artistas hollywoodianos contemporâneos ao filme. Aliás, a produção
americana contemporânea conseguiu explorar melhor a sedução do público pelas
atrizes através de um olhar tão respeitoso quanto sexualizado e irônico nas
comédias de Frank Tashlin. Film Constellazione Produzione/Titanus. 95 minutos.
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