Filme do Dia: Mickey One (1965), Arthur Penn

 


Mickey One (EUA, 1965). Direção: Arthur Penn. Rot. Original: Alan M. Surgal. Fotografia: Ghislain Cloquet. Música: Eddie Sauter. Montagem: Aram Avakian. Dir. de arte: George Jenkins.  Figurinos: Domingo A. Rodriguez. Com: Warren Beatty, Alexandra Stewart, Hurd Hatfield, Franchot Tone, Teddy Hart, Jeff Corey, Kamatara Fujiwara, Donna Michelle.

Foragido da mafia decide se refugiar em Chicago, onde é batizado como Mickey One (Beatty) e consegue alguma notoriedade no mundo do entretenimento após alguns empregos menos rentáveis. Porém a sombra da organização, ou melhor, sua onipresença, continua se fazendo presente na vida de Mickey.

Os créditos iniciais já denunciam a influência da Nouvelle Vague (que será melhor digerida em Bonnie & Clyde), porém o que prenunciava ser uma apropriação mais acomodada aos padrões realistas americanos, logo após os créditos, acaba se transformando num extravagante e persecutório filme de ação.  Tal mudança de chave parece menos auxiliar o filme do que transformá-lo num cansativo e confuso labirinto de fugas kafkiano, dispensando cenários barrocos  como na então recente adaptação dirigida por Welles (O Processo). A trilha sonora jazzística, uma apropriação que o cinema comercial havia feito a pouco do cinema de vanguarda (Shadows, Pull My Daisy) pretende dar o tom de improviso que o filme seguiria, ainda que seu excessivo simbolismo o torne menos próximo de um equivalente do improviso musical (como o francês Ascensor ao Cadafalso, que já fazia uso de uma trilha de jazz). As referências ao passado  do próprio cinema americano se fazem presentes de forma diversa como no caso da escalação de Franchot Tone, ator característico do cinema noir, mas igualmente em referências mais recentes, como a da fuga da Máfia de Quanto Mais Quente Melhor, numa referência que depõe mais contra o filme de Penn, destituído de qualquer humor como seu comediante vivido com brio por Beatty, do que o oposto.  A abordagem simbólica e o clima paranoico do filme podem também ser observados como uma referência tardia ao Macarthismo, sendo que uma odisséia abertamente surrealista a possuir seus pontos de contato com esse filme é o mais bem sucedido Um Homem de Sorte (1973), de Lindsay Anderson. Florin/Tatira para Columbia Pictures. 93 minutos.

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