Filme do Dia: O Lixo e a Fúria (2000), Julien Temple
O Lixo e a Fúria (The Filth and the Fury, Reino Unido/EUA, 2000). Direção: Julien
Temple. Música: John Lydon (Johnny Rotten). Montagem: Niven Howie.
Documentário que narra a passagem
meteórica dos Sex Pistols pelo cenário pop. Auxiliado pelo material típico dos
documentários como entrevistas com membros da banda e pessoas próximas, assim
como material de arquivo e outros nem tanto como a utilização de desenhos
animados criados pela própria produção e intervenções irônicas de Ricardo III (1954) de Laurence Olivier,
interpretado pelo próprio, o filme apresenta momentos da trajetória do grupo: seu surgimento, em meio
a uma Inglaterra economicamente caótica de meados dos anos 70, sob a tutela do
empresário Malcolm Mclaren; a baixa classe social dos membros da banda; a
influência músical de Bowie, Roxy Music e Alice Cooper; o sucesso e a ojeriza
de certos setores sociais; o jeito agressivo de lidar com a imprensa; a difusão
da moda punk; o escandâlo nacional que proporcionou a gravação de God Save the Queen, lançada à época do
jubileu da rainha e os habituais ataques dos grupos conservadores; o
comportamento agressivo nos palcos; as demissões de grandas companhias (em uma
delas, acabaram reagindo com a gravação de EMI,
canção de protesto contra a gravadora); a entrada no grupo de Sid Vicious; o
envolvimento de Vicious com heroína; a última turnê, quando viajam aos EUA; a
morte trágica da companheira de Vicious, Nancy Spungen e sua morte por overdose
alguns meses após; a memória emocionada de Rotten e Mclaren sobre Vicious.
Temple, apreciador conhecido de rock, assim como de cinebiografias (fez o
inócuo Vigo, sobre o grande cineasta
francês Jean Vigo), tem em sua estética algo da histeria de seu compatriota Ken
Russell. Em linguagem documental é explorada na montagem vertiginosa, em ritmo
de videoclipe, embora paradoxalmente um filme apresente uma duração superior ao
comum em filmes do gênero. Anteriormente Temple já havia dirigido um outro
documentário sobre o grupo, The Great
Rock´n Roll Swindle (1980), utilizando-se de material desse documentário,
como longos trechos de uma entrevista de Vicious para o próprio cineasta. O
restante do material, mais de 20 horas da época que o grupo começou a fazer
sucesso, recentemente descoberto, é a espinha dorsal do filme. Entre as canções do
grupo, além das citadas, Submission, Don´t Give Me No Lip Child, What´cha Gonna Do About It, Road Runner, Substitute, Seventeen, Anarchy in the UK, Pretty Vacant, Did You No
Wrong, Liar, No Feelings, I Wanna Be Me,
Problems, Holydays in the Sun, Bodies,
My Way, No Fun. Conta ainda com depoimentos de Paul
Cook e Steve Jones (filmados na penumbra), os outros remanescentes do grupo e
Mclaren. Sting e Andy Summers, em início de carreira, fazem uma ponta curiosa
em um medíocre filme promorcional dos Pistols. Prêmio do júri popular de melhor
documentário estrangeiro na Mostra de São Paulo. Film Four/Jersey Shore/Nitrate Film/The Sex Pistols
Residuals. 108 minutos.
Comentários
Postar um comentário