Filme do Dia: Mistério da Magia Negra (1944), William Beaudine
Mistério da Magia Negra (Voodoo
Man, EUA, 1944). Direção William Beaudine. Rot. Original Robert Charles, a
partir de seu argumento. Fotografia Robert Le Picard. Montagem Carl
Pierson. Dir. de arte Dave Milton. Com Bela Lugosi, John Carradine, George
Zucco, Wanda McKay, Louise Currie, Tod Andrews, Ellen Hall, Terry Walker, Mary
Currier, Henry Wall.
Mulheres
são capturadas em uma estrada para um ritual secreto de magia negra,
capitaneado pelo gênio do mal, Dr. Marlowe (Lugosi). Após o desaparecimento da
quarta garota, Stella (Currie), sua amiga, Ralph (Andrews), alerta sobre o
ocorrido ao delegado (Wall), que visita a mansão de Marlowe, relatando os
casos. Stella consegue fugir da sinistra mansão e é encontrada pelo delegado,
que a leva para a casa de Ralph. Com um ritual secreto realizado por Marlowe,
que anteriormente a visitara na casa dos amigos, ele consegue trazê-la de volta
à sua mansão. Porém, a menina dos olhos desse passa a ser a noiva de Ralph,
Betty (McKay), acreditando que conseguirá reencarnar sua esposa adorada e morta
há 22 anos.
Parece
atualizar inicialmente motivos do horror gótico instituído para os parâmetros
de uma América moderna, com seus carros, estradas e postos de gasolina. Mas que
criaturas inocentes indagam a alguém que já adivinhamos ser do mal – encarnado,
inclusive, por um dos atores que mais o personificara até então, Lugosi – qual
a estrada que a levará a sua situação trágica, tal como o viajante, desavisado
ou não, que indaga sobre o castelo de
Drácula. Porém, tal modernidade dos ambientes tem seus limites, pois
adentraremos em breve a moradia onde se desenrolarão os rituais. E vários
clichês dos filmes do gênero mais convencionais, inclusive o próprio Drácula
que traria celebridade a Lugosi, década e meia antes, como é o caso do
fascínio hipnótico que consegue exercer sobre as mulheres. Embora também
indexado por alguns como comédia, em grande parte por seus modestos recursos de
produção e elenco atuando, em geral esqualidamente, que o estúdio tipificaria melhor que ninguém
no cenário hollywoodiano, aparentemente não se trata do intuito dessa produção
originalmente. Algo difícil de imaginar por vezes, dado o involuntário humor
que figuras como o hipnotizado patético vivido por Carradine suscitam –
personagem que o filme insinua pilantramente se aproveitar sexualmente das
garotas capturadas. Ou ainda a cena hilária na qual Ralph é nocauteado com um
soco só desferido por um dos assistentes zumbis de Marlowe. Parece haver mais
de uma versão dessa produção, já que a personagem Stella surge em algumas
fontes como Sally. E, para além das referências ao seu filme mais famoso,
Lugosi – em seu último que realizou para o estúdio – é citado como uma opção a
estrelar o roteiro para o próximo filme do estúdio, cujo título é o nome do
próprio filme, já que esse finalmente poderá gozar sua lua-de-mel; daí se tem
ideia que a apresentação do esquema um tanto deslocado do estúdio de cinema e
seus empregados, tem como fim articula-lo com esse bobo encerramento. Destaque
para a utilização de imagens em um monitor similar a TV, por Marlowe, no
comando da operação de trazer novas mulheres para seu projeto. As referências
eróticas são salientes como os seios de algumas personagens, e mais presentes e
ousadas que a maior parte de produções menos modestas. Filmado em uma semana.
Sam Katzman Prod. para Monogram Pictures. 62 minutos.
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