Filme do Dia: Crime no Carro Dormitório (1965), Constantin Costa Gavras
Crime no Carro Dormitório (Compartiment
Tueurs, França, 1965). Direção Costa-Gavras. Rot. Adaptado Costa-Gavras
& Sébastien Japrisot, a partir do romance de Sébastien Japrisot. Fotografia
Jean Tournier. Música Michel Magne. Montagem Christian Gaudin. Dir. de arte
Rino Mondellini. Com Jacques Perrin, Catherine Allégret, Yves Montand, Simone
Signoret, Claude Mann, Pierre Mondy, Michel Piccoli, Jean-Louis Trintignant,
Charles Denner, Bernadette Lafont.
Crime praticado em um trem, cujo corpo
é entrevisto pelo jovem recém-chegado pela primeira vez a Paris, Daniel
(Perrin), enlevado pela também jovem e noviça em Paris, Bombat (Allégret),
torna-se obsessão dos investigadores Graziani (Montand) e o Comissário Tarquin
(Mondy), já que os outros presentes no vagão vão sendo sequencialmente
eliminados, ao ponto da dupla Daniel e Bombat se tornarem alvos potenciais do
assassino.
Em resumo, o protótipo do thriller de
Costa-Gavras, com visível inspiração em Hitchcock, embora em um subgênero
distinto daquele, pois apostando na curiosidade sobre o assassino mais próxima
de Agatha Christie; e sem os elementos políticos que tornariam o realizador célebre. E em um
modelo que papagueia o do superelenco de algumas produções estadunidenses da
década, em seu equivalente europeu. Infelizmente nem todas as personagens
possuem destaque (ou são elaboradas da forma interessante) que a diva decadente
de Signoret possui, como é o caso do seu jovem amante. E, no final das contas,
é provável que a trama criminal prenda menos atenção que alguns comentários
sociais mais amplos, como é o caso da deselegância discreta da Bombat de
Allégret, mais atirada ao seu tímido enamorado, vivido por um carismático
Perrin, que vice-versa. Em uma tirada menos cômica, que estilisticamente
interessante, um homem a escutar uma música em um carro conversível passa quase
a dividir o espaço visual e sonoro de uma cena na qual o detetive de Montand e
seu assistente se deslocam pelo trânsito de Paris. O rosto do cadáver da
personagem de Signoret está despudoramente descoberto, quando é retirado pela
polícia e atravessa os curiosos e jornalistas. O passeio do inspetor de Montand
pelos exíguos espaços da sede policial onde trabalha, sendo interpelado a cada
passo que dá, faz-nos lembrar das inúmeras decisões que um diretor de cinema
tem que tomar durante uma filmagem, na sequência de Noite Americana. A partir de uma cópia restaurada
em 4 k, em 2016. |PECF. 89 minutos. ![]()

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