Filme do Dia: Last Year in Viet Nam (1971), Oliver Stone

 


Last Year in Viet Nam (EUA, 1971). Direção, Rot. Original, Fotografia e Montagem: Oliver Stone. Com: Oliver Stone.

Veterano do Vietnã, impaciente, anda de um lado para outro do seu pequeno e elevado apartamento em Nova York. Decide reunir todas as suas condecorações que são as únicas a enfeitarem as paredes onde vive e gaurda-las em uma bolsa. Pega o ferryboat e joga a bolsa na água.

Há uma metáfora demasiado óbvia – a do homem circulando impaciente em seu apartamento, vivido pelo próprio Stone, como o felino que perambula impaciente em sua juala – e as condições técnicas são as possíveis em um modesto filme estudantil. Mas há igualmente algo de tocante nesse curta que foi o primeiro exercício de realização de um diretor que se demonstraria mais polêmico que necessariamente talentoso na lida com suas questões. A neurose do veterano de guerra, neurose encarnada pelo próprio Stone, que vivenciou esse trauma, é aqui desnudada de forma simbólica e algo tímida, mas sem ainda as firulas, desvios e pressões que uma produção de grande porte hollywoodiano (Platoon) exige. Uma narração em francês o percorre praticamente do início ao final, a maior parte filmada no que era provavelmente seu próprio apartamento em Nova York. Imagens, de outra textura e coloração, são observadas em paralelo às de Stone em Nova York e parecem remeter ao passado no país do Sudoeste Asiático. São, inclusive, imagens mais vivas que as embotadas que se observa no “presente”, tendendo a ressaltar um eixo de vida que ainda não se encontra em compasso com o momento presente vivido; e que a situação catártica provavelmente sinaliza, não sem certa dose de puerilidade ao se querer acreditar possível como um gesto automático, numa reparação para consigo próprio – que agora provavelmente conseguirá trilhar um caminho outro, livre de qualquer amarra de dádiva para com a sociedade. É um gesto igualmente político, mais para o espectador certamente que no contexto ficcional em si, pois não público nesse último caso.  A utilização da tocante música, mesmo que bem afinada com a melancolia desse curta, também poderia apontar para seu uso futuro direcionado a provocar um pathos emocional desconfiado do poder suficiente das próprias imagens e da situação descrita (algo que repetirá com a peça de Samuel Barber em Platoon). 12 minutos.

 

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