Filme do Dia: Eleanor's Catch (1916), Cleo Madison
Eleanor’s
Catch (EUA, 1916). Direção: Cleo Madison. Rot. Original: William V. Mong. Com:
Cleo Madison, Lule Warrenton, William V. Mong, Edward Hearn, Margaret Whistler,
Ray Hanford, Harry Mann.
Homem em
boa situação financeira (Mong) auxilia uma senhora com a carga pesada de roupas
para lavar (Warrenton) com o propósito de aproximar de sua filha, Eleanor
(Madison), que também é lavadeira. E, quando vencidas as reservas de mãe e
filha, já se encontrava dançando com Eleanor diante de sua casa, são flagrado
por Red McGuire (Hearn), seu namorado. O “investimento” do homem em Eleanor não
foi gratuito. Ele se encontra menos interessado nela enquanto mulher do que
torna-la ladra para vítimas que engabela as levando para sua casa.
A
caracterização da mãe de Eleanor, tomando seu drinque em uma cadeira de
balanço, num plano que a descreve de cima a baixo parece um avanço em relação à
representação da pobreza pelo cinema até então – não que o filme seja exatamente
algo incomum, teria que haver mais elementos nesse sentido e maior conhecimento
de outras produções contemporâneas – sobretudo quando se pensa nos filmes de
Griffith de poucos anos antes, nos quais tal representação sempre se encontra
entre os pólos da decadência e falta de caráter ou da sofrida vitimização. Aqui
você tem um rosto que evoca a rudeza que lhe é provocada pela vida, sem cair
nos extremos e com personificação bem mais realista na composição da atriz, que
nos casos do célebre realizador. E não menos que louvável, igualmente, é sua
ambiguidade em relação ao personagem de Mong que, ao contrário de seus
antecessores griffitheanos, somente saberemos de fato de suas más intenções bem
depois de sua aparição. Há determinado momento, com apenas dois minutos para
seu final, parece ainda haver um acúmulo de irresoluções. Há o caso do
cavalheiro trazido para ser ludibriado à casa da personagem-título e há a
“ovelha negra” da família reencontrada por Red ao acaso. Para não falar da
própria relação entre Red e Eleanor, abalada depois da chegada do homem de
aparente boa situação financeira. Aliás a forma como Madison expõe o triângulo
amoroso também se encontra há anos-luz de vários exemplares, em geral da
primeira metade da década, pertencentes a Coleção Jean Desmett. Red não vai ao
confronto direto, como parece sugerir a cena que flagra Eleanor dançando com
outro homem, e até mesmo senta a mesa com eles. E a forma como se resolve é não
menos que surpreendente, à falta de uma expressão menos gasta. E não é fortuito,
certamente, que se ter uma mulher na direção (do grupo que produziu
intensamente durante um curto período de tempo para o estúdio e, aparentemente,
um dos poucos sobreviventes dessa produção) tenha tornado a heroína no comando
da ação. E até mesmo brigando fisicamente com o vilão! Detalhes menores, como a
desnecessária – e pouco desenvolvida – subtrama, se assim se pode denominar,
envolvendo a irmã é um dos males menores diante do talento criativo. Rex Motion
Picture Co. para Universal Film Manufacturing Co. 12 minutos e 55 segundos.
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