Filme do Dia: Lumière e Cia. (1995), Vários

 


Lumière e Cia. (Lumière et Compagnie, França/Espanha/Dinamarca/Suécia, 1995). Direção: 

TheoAngelopoulos, Vicente Aranda, John Boorman, Youssef Chahine, Alain Corneau, Costa-Gavras, Raymond Depardon, François Girod, Peter Greenaway, Lasse Hallström, Hugh Hudson, Gaston Kaboré,Abbas Kiarostami, Cédric Kaplisch, Andrei Konchalovskiy, Spike Lee, ClaudeLelouch, Bigas Luna, Sarah Moon, Arthur Penn, Lucian Pintillie, Helma Sanders-Brahms, Jerry Schatzberg, Nadine Trintignant, Fernando Trueba, Liv Ulmann, Jaco Van Dormael, Régis Wargnier, Wim Wenders, Yoshishige Yoshida, Zhang Yimou, Merzak Alluache, Gabriel Axel, Michael Haneke, James Ivory, Patrice Leconte, David Lynch, Ismail Merchant, Claude Miller, Idrissa Ouedraogo, Jacques Rivette.  Fotografia: Didier Ferry, Fréderic Le Clair, Sarah Moon, Sven Nykvist & Philippe Poulet. Música: Jean-Jacques Lemètre & Richard Robbins. Montagem: Roger Ikhlef & Timothy Miller. Dir. de arte: Anne Andreu. Com: Merzak Allouache, Jeff Alperi, Theo Angelopoulos, Romana Bohringer, Michele Carlyle, Youssef Chahine, Lou Chapiteau, Marc Chapiteau, Antoine Duléry, Pascal Duquenne, Bruno Ganz, Charles Gérard, Ticky Holgado, Isabelle Huppert, James Ivory, Neil Jordan, Patrice Leconte, Satchel Lee, Spike Lee, Claude Lelouch, Stan Lothridge, David Lynch, Alessandra Martines, Ismail Merchant, François Miterrand, Lian Neeson, Sven Nykvist, Lena Olin, Idrissa Ouedraogo, Géraldine Pailhas, Aidan Quinn, Stephen Rea, Nathalie Richard, Alan Rickman, Jacques Rivette, Otto Sander, Liv Ulmann, Zhang Yimou, Pernilla August, Max Von Sydow.

Essa saborosa homenagem aos Irmãos Lumière e ao cinema, fazendo parte das comemorações do centenário do cinematográfo, apresenta 40 curtas de 50 segundos dirigidos por 40 cineastas ao redor do mundo, utilizando-se de uma câmera original que pertencera aos Lumière. Somam-se aos próprios curtas, imagens dos bastidores dos mesmos e algumas dispensáveis perguntas sobre o futuro do cinema e qual o motivo que os realizadores encontram para filmarem. Entre as regras definidas está a de não se gravar o som ambiente, embora os cineastas acabem utilizando mecanismos inexistentes há 100 anos atrás como o trilho para travellings e até mesmo uma sofisticada grua (no episódio de Konchalovskiy), assim como alguns simplesmente decidem romper com a regra do som, como Spike Lee ao tentar, sem sucesso, que sua filha diga papai para a câmera. Entre mais ou menos inventivos, o que mais  se destaca é que a beleza acompanha tanto alguns que se aproximam mais do cinema “descritivo” dos Lumière como um passeio pelo Louvre (Nadine Trintignant), a tentativa de reprodução da mesma perspectiva do clássico filme dos Lumière na estação de La Ciotat, cem anos depois, a aproximação do ex-presidente Mitterrand (Régis Wargnier) quanto aqueles que se aproximam mais do universo da criação ou reelaboração do real como um longo travelling que apresenta diversas artes até culminar com a sétima e um hilário duelo mortal (Gabriel Axel), um belo tributo a um eletricista veterano (Helma Sanders-Brahms), Ulisses acordando de séculos de sono (Theo Angelopoulos) ou uma mulher amamentando um filho em um jardim (Bigas Luna). Existem ainda aqueles que preferem fazer referência ao seu universo mais próximo, seja filmando a filha (Spike Lee), os filhos brincando com a solenidade de uma estátua egípcia  (Raymond Depardon) ou reproduzindo a beleza que pode existir em uma cena doméstica banal do cozimento de um ovo, enquanto uma mensagem é escutada ao fundo de uma secretária eletrônica (Abbas Kiarostami). A textura das imagens, com um impressionantemente belo preto e branco, por vezes tinge de precoce nostalgia as paisagens contemporâneas entrevistas e é explorada, conscientemente, por cineastas como Wim Wenders, que apresenta uma lúgubre paisagem de Berlim, somando a imagem a presença dos dois atores que atuaram em Asas do Desejo ou ainda por Michael Haneke, que as utiliza, ironicamente, sobre as imagens de um telejornal. A imagem da memória trespassando a  mais imediata possível. Existem até os que ousaram uma história narrativa mais complexa, mesmo com tão pouco tempo (David Lynch). E ainda o que brincou entre a relação filme histórico e contemporaneidade, quando um casal de bailarinos tradicionais chineses se transformam em uma dupla de metaleiros na épica paisagem da Grande Muralha (Zhang Yimou). Outros realizadores que participaram do projeto são Merzak Allouache, Vicente Aranda, John Boorman, Youssef Chahine, Alain Corneau (reproduzindo os filmes de dança colorizados que celebrizaram Edison), Costa-Gravas, Francis Girod, Peter Greenaway, Lasse Hallström, Hugh Hudson, James Ivory, Gaston Kaboré, Cédric Klapisch, Claude Lelouch, Ismail Merchant, Claude Miller, Idrissa Ouedraogo (com um bem humorado sketch  sobre o temor de crocodilos na África, no estilo O Regador Regado), Arthur Penn (com uma visualmente impressionante imagem de um homem que se delicia com a urina de uma mulher grávida e negra), Lucian Pintilie, Jacques Rivette (bem humorado ao realizar seu filme mais curto, ele que é conhecido justamente por seus filmes de longuíssima duração), Jerry Schatzberg, Fernando Trueba, Liv Ulmann, Yoshishige Yoshida e Jaco Van Doermel (uma comovente reedição de The Kiss, de Edison, com um casal de portadores de síndrome de down). Cinétévé/Igeldo Komunikazioa/Le Sept-Arte/Le Studio Canal +/Soren Staermose AB. 88 minutos.

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