Filme do Dia: Spatne Namalavaná Slepice (1963), Jirí Brdecka

 


Spatne Namalavaná Slepice (Tchecoslováquia, 1963). Direção: Jirí Brdecka. Rot. Original: Jirí Brdecka, a partir do argumento de Milos Macourek. Fotografia: Ivan Masník. Montagem: Marta Latálová.

Em uma aula de desenho na escola garoto é repreendido pela professora por apresentar um desenho demasiado original de uma galinha, enquanto a reprodução perfeita por outro aluno, tido como exemplar, é louvada. Escola fechada, o desenho feito em pedaços ganha vida e se torna uma atração da mídia com seu dono, que a descobre próxima de casa. Quando se encontram no museu, a professora ainda assim não reconhece que surgiu dos traços do garoto que desconsidera, e que parte pelos céus, com a amiga que é a única a perceber seu talento, não sem antes deixar uma lembrança sobre a cabeça do aluno preferido.

Pode ser interpretado, de forma veladamente consciente, enquanto comentário sobre toda arte inovadora, que tem que se contrapor ao academicismo imperante de sua época e, particularmente, ao que o próprio universo da animação vivenciava então, sobretudo no Leste Europeu. Literalemente a arte que ganha vida é a que surge da forma subjetiva de se perceber o mundo, mais que sua anêmica reprodução mimética, papel esse que a fotografia pode ocupar, e que mais uma vez valeria igualmente como comentário para o universo da animação. De quebra, ainda se pode pensar na institucionalização estatal, representada simbolicamente pelo pedestal em que uma obra se encontra alocada no museu, contra a qual muitos desses realizadores tiveram que lidar, de forma alegórica. Premiado em Annency e, como nos anos anteriores, um filme ou sem diálogos, som ou, como aqui, em que as falas surgem como um ornamento de arremedo no qual se torna supérfluo compreendê-las, até porque não são faladas em uma linguagem existente. 13 minutos.

 

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