Filme do Dia: Vaudeville (1924), Dave Fleischer

 


Vaudeville (EUA, 1924). Direção Dave Fleischer. Com Max Fleischer.

Koko se torna mestre de cerimônias e faz-tudo (bilheteiro, músico) de um cinema que apresenta igualmente números de vaudeville. Guindado a tal função por seu desenhista, Max Feischer (Fleischer).

O jogo de espelhamentos dos frames iniciais deste curta já apontam para o quão antenados eram os Fleischer, alguns anos antes de, em um contexto empresarial outro, produzirem as soporíferas animações coloridas da década seguinte. Aqui o próprio tema de Max Fleischer em sua mesa de trabalho, em plena interação com os seres animados que cria, surge primeiramente como desenho, antes de observarmos seu equivalente em ação ao vivo. Este jogo persiste mais adiante, como Koko se tornando bilheteiro de um cinema, onde imita o ídolo do western de então Will Rogers, em um espetáculo que remete ao título do curta. Os números que são exibidos nos filmetes exibidos no cinema sob mediação de Ko-Ko, são versões animadas nada distantes dos registrados por Edison três décadas antes. Provavelmente este curta já se beneficiou do refinamento nos traços do palhaço, assim como seu batismo, ambos os feitos pelas mãos do animador David Hueme. A saída que busca salvar Koko de ser escorraçado pelo relativamente tolerante público do espetáculo – ao menos se tivermos como média os curtas da Looney Tunes em situações semelhantes – possui um grau de autocondescendência que quase nos faz esquecer de ir no sentido oposto, de uma intervenção de alguém do universo de ação ao vivo no da animação. O que não faz grande sentido por dois motivos. No plano tecnológico é mais difícil se inserir um ator no universo da animação que o oposto. No plano da lógica destas animações qual sentido faz que Max se transforme em um monte de tinta – ou seja, mesmo a intervenção vindo pretensamente do mundo de ação ao vivo, ela chega sobre o formato animado – se ele pode ter o comando de mudar tudo ao sabor dos traços que desenha sobre sua prancheta? |Out of the Inkwell Films para Red Seal Pictures. 5 minutos e 38 segundos.




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng

A Thousand Days for Mokhtar