O Dicionário Biográfico de Cinema#120: Claude Lelouch

 

Claude Lelouch (n. Paris, 1937)

1956: U.S.A. en Vrac (d);  Une Ville Pas Comme les Autres (d); 1957: Quand le Rideau Se Lève (d); 1960: Le Propre de l'Homme. 1963: L'Amour avec des Si. 1964: 24 Heures d'Amants (d); Une Fille et des Fusils; La Femme Spetacle. 1965: Pour un Maillot Jaune (d); Les Grands Moments; 1966: Un Homme et Une Femme [Um Homem, uma Mulher]. 1967: Vivre pour Vivre [Viver por Viver]; Loin du Vietnan [Longe do Vietnã] (co-dirigido com Jean-Luc Godard, Joris Ivens, William Klein e Alain Resnais) (d). 1968: Treize Jours en France (co-dirigido com François Reichenbach). 1969: La Vie, l'Amour et la Mort [A Vida, o Amor, a Morte]; Un Homme Qui Me Plaît [O Homem que Eu Amo]. 1970: Le Voyou [Um Homem como Poucos]. 1971: Iran; Smic, Smac, Smoc. 1973: "The Losers", episódio de Visions of Eight (d); La Bonne Anné [Feliz Ano Novo]. 1974: Toute une Vie [Toda uma Vida]. 1975: Le Chat et la Souris. 1976: Si C'Était à Refaire [Se Tivesse que Refazer Tudo]. 1977: Un Autre Homme, Une Autre Chance [Outro Homem, Outra Mulher]. 1978: Robert et Robert [Roberto e Roberto]. 1979: A Nous Deux [A Nós Dois]. 1981: Les Uns et les Outres [Retratos da Vida]. 1983: Edith et Marcel [Edith e Marcel]; Vive la Vie! 1984: Partir Revenir. 1986: Un Homme, une Femme: Vingt Ans Déjà [Um Homem, uma Mulher: 20 Anos Depois]. 1987: Attention Bandits. 1988: L'Itineraire d'un Enfant Gâté [Itinerário de um Aventureiro]. 1990: Il y a des Jours...et des Lunes [Tem Dias de Lua Cheia]. 1993: Tout Ça...Pour Ça. 1995: Les Misérables [Os Miseráveis]. 1996: Hommes, Femmes, Mode d'Emploi. 1998: Hasards ou Coïncidences. 1999: Une Pour Toutes. 2002: And Now...Ladies and Gentlemen [Amantes & Infiéis]. 2004: Les Parisiens. 2007: Roman de Gare [Crimes de Autor]. 2010: Ces Amours-lá [Esses Amores]. 2011: D'un Film à l'Autre (d); 2014: Salaud, on T'Aime.

Provavelmente, mais pessoas foram apresentadas ao cinema francês nos anos 60 e 70  por Lelouch que por qualquer outro diretor. Um Homem e uma Mulher foi um filme imensamente admirado, e nunca é uma tarefa prazeirosa esvaziar o prazer. Mas Lelouch é um diretor enfraquecido, habilidoso, meretrício, embora nobre. O cinema francês e os públicos inocentes semelhantes precisam ser defendidos contra ele. O trabalho dele é tão pegajoso, estridente e cansativo quanto os suplementos dominicais em cores e, como estes, conseguem ser lucrativos sufocando as realidades espinhosas das pessoas e insinuando o estilo da publicidade em ação. Dois de seus longas de início de carreira - Um Homem, uma Mulher e Viver por Viver - foram comerciais estendidos, na esperança que a dor fosse absorvida pela beleza. Seus personagens são panelas emocionais em movimento, em alguma cozinha inebriante e ultra-moderna. São pessoas bonitas, em empregos glamorosos, capazes de viajarem à vontade. Seus pequenos casos e os obstáculos inteiramente mecânicos que são inseridos e então retirados de seus mundos são ignorados como sendo típicos das demandas da vida emocional e intelectual.

Mas a realidade é, como sempre, descoberta no estilo do diretor. Lelouch trabalha como um fotógrafo de stills para uma revista elegante. Seus efeitos são decorativos, banais, e invariavelmente um truque de uma lente, mais que uma interação observativa de pessoas. Ele persistententemente filma em telefoto: isso leva-o a emocionais primeiros planos de pessoas cortadas de seus ambientes. O segundo plano é irrealisticamente chapado, e o detalhe em primeiro plano está fora de foco. Há uma esterilidade acumuladora e claustrofóbica em seus filmes, por conta dos personagens não possuírem existência tridimensional. Somente vivem na mente de uma piegas foto aproximada, sempre se detendo tristemente sobre suas auto-comiserações.

Da mesma forma que os fotógrafos de moda tentam nos fazer desejar roupas, a intimidade da telefoto de Lelouch pretende jogar com nossas respostas emocionais mais vicárias. Seu mundo já foi tomado pelas forças da desvitalização: as doentias canções temáticas continuam; nada diminui o glamour do invólucro racional; nenhuma peça de comportamento humano destrói o clichê romântico. E o tempo todo, há a sugestão fantasmagórica de maior significância para que, em Viver por Viver, a vida privada de Yves Montand seja supostamente acompanhada por seu envolvimento como um repórter dos pontos problemáticos do mundo. Lelouch anuncia seu propósito de sofrimento com a tática ofensiva de um político.

Lelouch trabalha, ainda que não tenha encontrado a mistura certa de romance e estilo publicitário, para repetir o sucesso de Um Homem, uma Mulher. Sua versão de Os Miseráveis, estrelada por Jean-Paul Belmondo como Veljean, ajudou a reviver a carreira do ator. Amantes & Infiéis prometia algo bem mais aventuroso, com Jeremy Irons em seu centro. 

Texto: Thomson, David. The New Biographical Dictionary of Film. Nova York: Alfred A. Knopf, 2014, pp. 1560-62. 

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