Filme do Dia: The True Story of Lili Marlene (1944), Humphrey Jennings

 

 


The True Story of Lili Marlene (Reino Unido, 1944). Direção: Humphrey Jennings. Fotografia: H.E. Fowle. Música: Dennis Blood. Montagem: Sidney Stone. Dir. de arte: Edward Carrick.

Contando com encenações abertas que reconstituem a gênese da célebra canção (que se tornaria título de um dos últimos filmes de Fassbinder, quatro décadas após), esse curta parece fugir um pouco da poética mais associada a Jennings. Aqui se somam a essas reconstituições encenadas imagens de arquivo (dentre outros, do inevitável O Triunfo da Vontade) em contra-propaganda mais direta, de longe a opção mais utilizada (e mais bem-sucedida, diga-se de passagem) pelos britânicos. Aqui se encena, inclusive, o estabelecimento improvisado de uma rádio de propaganda nazista na Belgrado bombardeada e ocupada, em que se executa a canção cantada por Lale Andersen. Como o objetivo principal da rádio era atingir e levantar a moral de seus compatriotas soldados, observa-se (como em Fassbinder, embora de forma menos intensa que naquele) a repercussão junto aos soldados, evidentemente também encenada. E outras se seguem, como a de Andersen cantando ao vivo para transmissão radiofônica ou sua versão operística sendo apresentada em um teatro do gênero em Berlim, tornando-se o hino não oficial do nazismo – o que o filme  honestamente não oculta, é que o sucesso da canção também se deu do lado aliado, embora tal sinceridade seja parcial, já que travestida em uma versão patriótica e com letra modificada, quando Andersen se encontraria, na verdade, prisioneira em um campo de concentração; sua versão original apenas teria sido analisada “clinicamente” por profissionais da BBC. Sua patética versão britânica não apenas foi uma peça de propaganda explícita, o que estava longe de ser a intenção da canção inicial, utilizada nesse sentido após seu massivo sucesso, e também um testemunho do talento artístico dos “inimigos”, dos quais se apoderaram da melodia e apenas nessa versão, “purificada”, é que teria se transformado em sucesso na Europa aliada.  Crown Film Unit. 29 minutos.

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