O Dicionário Biográfico de Cinema#175: Bert Schneider



 Bert Schneider (1934-2011), n. Nova York

Ninguém interessado neste rico e elusivo produtor radical pode se permitir esquecer o belo ensaio de Bo Burlinhgam "Política sobre as Palmeiras". E ninguém interessado no cinema americano deveria subestimar o papel que Bert Schneider desempenhou entre 1968 e 1975. Estes foram anos de desalento para a América, e os filmes de Schneider lidam mais honestamente com os fracassos humanos que Hollywood poderia normalmente se inclinar.

O que aconteceria posteriormente a ele é algo a ser questionado. Seu desejo e sua energia colapsou, ou sua política criativa definida pelo Vietnã, a cruzada contestatória das drogas, e uma América relutante a encarar os perigos futuros? Schneider pode ter tido muitos interesses e bastante dinheiro a ser dedicado a uma carreira de produtor. Talvez tivesse saindo de algum lugar, reunindo e tentando superar as urgências de ontem e suas tristes consequencias.

Seu pai, Abraham, foi um importante executivo da Columbia. De acordo com Burlingham, "Bert se lembra de si próprio como um jovem rebelde, a ovelha negra, quem carregava as latinhas de chá no campo de golfe e ajudava na cozinha." Foi expulso da Universidade de Columbia e o exército o recusou por conta de suas conexões radicais. Então, trabalhou para a Screen Gems, da Columbia, até 1965, quando formou uma companhia com seu amigo, Bob Rafelson. Com o acréscimo de Steve Blauner, formou-se a BBS Productions.

Schneider e Rafelson inventaram os Monkees, talvez sua ação política mais Dadá, e realizaram Head [Os Monkees Estão Soltos] (68, Rafelson). Isto levou Schneider ao cinema como produtor e a BBS conquistou uma raia quente com Easy Rider [Sem Destino] (69, Dennis Hopper) - protesto e contra-cultura ao custo de 350 mil dólares e faturando 35 milhões; Five Easy Pieces [Cada Um Vive Como Quer] (70, Rafelson); The Last Picture Show [A Última Sessão de Cinema] (71, Peter Bogdanovich); A Safe Place [Refúgio Seguro] (71, Henry Jaglom); Drive, He Said [O Amanhã Chega Cedo Demais] (71, Jack Nicholson); The King of Marvin Gardens [O Rei da Ilusão] (72, Rafelson) e Goin' South [Com a Corda no Pescoço] (78, Nicholson).

É um lista impressionante, e um lançamento generoso de diversas carreiras. O Rei da Ilusão é uma obra-prima, e nenhum dos outros menos que único, pessoal e uma incursão em um terreno novo para o cinema. Schneider foi aparentemente um produtor muito tolerante: deixou os rapazes fazer o que queriam, e por alguns anos funcionou, até que os fracassos de bilheteria o levaram à retração. Pode ter protegido algo de seus talentos das pressões comerciais reais: Rafelson é um diretor incansável e Bogdanovich não tem ido bem em anos recentes. Schneider pode ter comandado a feitura de seus filmes, enquanto se concentrava em interesses mais profundos - Cuba, militância negra, drogas, Candice Bergen, e um eventual Oscar pelo documentário sobre o Vietnã Hearts and Minds [Corações e Mentes] (75, Paul Williams). Seja lhe dado o crédito por ser o foco para algumas pessoas notáveis e por deixar sua própria formação mista nos filmes. Em muitos dos filmes da BBS há o conflito entre desejo artístico, talento para negócios e a dolorosa textura da vida comum, que reflete partes da própria história e dilemas de Schneider: um homem criativo acostumado ao comércio, um idealista lutando por compromissos. O Rei da Ilusão, particularmente, é um filme que questiona se o negócio não é a grande arte americana.

A produção seguinte de Schneider - Days of Heaven [Cinzas no Paraíso] (78, Terrence Malick) - foi outro exemplo deste conflito, e uma vítima da crescente falácia que a beleza surpreendente necessariamente rende verdade interior.

Texto: Thomson, David. The New Biographical Dictionary of Film. N. York: Alfred A. Knopf, 2014, pp. 2377-78. 


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