Filme do Dia: Terra de Ninguém (1973), Terrence Malick


 

Terra de Ninguém (Badlands, EUA, 1973). Direção e Rot. Original: Terrence Malick. Fotografia: Tak Fujimoto, Stevan Larner & Brian Probyn. Música: Gunild Keetman, James Taylor & GeorgeAliceson Typton. Montagem: Robert Estrin. Dir. de arte: Jack Fisk. Cenografia: Ken Hilton. Com: Martin Sheen, Sissy Spacek, Warren Oates, Ramon Bieri, Alan Vint, Gary Littlejohn, John Carter, Brian Montgomery.

Kit Carruthers (Sheen), após ser despedido de seu trabalho como lixeiro, decide fugir com sua namorada Holly (Spacek), da provinciana cidade do Dakota, não sem antes matar o pai da garota, Mr. Sargis (Oates), que era contrário ao namoro. A partir daí, Kit inicia uma série de assassinatos em vários estados, que Holly assiste apenas passivamente, até sua captura por dois soldados, quando a Guarda Nacional já fora designada para aprisioná-lo. Holly que, pouco antes, desistira de seguir Kit em sua aventura conscientemente suicida, reencontra-o quando são levados de helicóptero pela polícia.

Baseado em fato real, o filme de estréia em longa-metragem de Malick (anteriormente só havia realizado um curta, Lanton Mills, de 1969), embora remeta de imediato ao seu antecessor mais famoso Bonnie e Clyde (1967), de Penn, demonstra estratégias narrativas diversas. Como o filme de Penn, procura mostrar o lado humano e frágil de seus personagens, fazendo questão de enfatizar a própria influência da indústria cultural na construção dos personagens, onde o cinema tem seu quinhão, sendo Kit uma versão de James Dean no modo de vestir e andar. Afastando-se ainda mais dos cacoetes dos filmes do gênero, através de seu estilo profundamente idiossincrático, Malick demonstra já seu cuidado peculiar com a exuberância visual (destacada pelas locações fotográficas e soberba fotografia) mesclada a um enredo menos afeito aos estímulos sensoriais que tal tipo de história poderia provocar (a seqüência de perseguição final ao protagonista, única que rende cenas do tipo acaba sendo anti-clímatica quando o próprio herói resolve se entregar) que a uma peculiar ironia. Tal senso irônico se dá pelo descompasso entre as imagens e a narração de Holly, completamente lacunar e imprecisa sobre os eventos que vivencia, recurso que voltaria a ser empregado em seus dois filmes posteriores. Ou ainda, pelos diálogos mais inusitados que a dupla trava entre si ou com suas vítimas. Nesse sentido, seu estilo acaba provocando um distanciamento emocional que, possivelmente herdeiro do cinema autoral francês da década anterior, influenciaria o cinema de realizadores norte-americanos posteriores como Jim Jarmusch, Quentin Tarantino e Oliver Stone (que realizaria seu próprio filme do gênero com Assassinos por Natureza). National Film Registry em 1993. Badlands Co./Pressman-Williams/Warner Bros./Jill Jakes Prod. para Warner Bros. 95 minutos.

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng

Filme do Dia: El Despojo (1960), Antonio Reynoso