Filme do Dia: Spring Offensive (1940), Humphrey Jennings
Spring Offensive (Reino Unido, 1940).
Direção: Humphrey Jennings. Rot. Original: Hugh Gray, com comentários de A.G.
Street. Fotografia: Eric Cross, H.E.Fowle & Jonah Jones. Montagem: Geoffrey
Foot. Dir. de arte: Edward Carrick.
Todo esse curta vinculado à Escola
Documental Britânica, dirigido por seu realizador talvez mais talentoso, ao
menos no que diz respeito ao esforço de guerra empreendido pelo órgão, tem como
objetivo provavelmente transformar os agricultores, e gente do campo em geral, em
duplos daqueles que escutam o comentário radiofônico da BBC, sobre as propostas
do ministro da agricultura e a necessidade de incrementar a produção; que no, plano imagético, após certo tempo,
ocorre através de uma substituição da imagem da família que escuta à
transmissão para cenas de campos viçosos e destituídos da presença humana. O curta apresenta, de forma didática, a
divisão de áreas para cada responsável no Comitê de Guerra para a Agricultura.
Ainda que a presença no título do termo ofensiva sugira um curta mais
belicamente engajado que os projetos mais conhecidos de Jennings – que
tematizam a guerra majoritariamente sob uma forma mais oblíqua e da perspectiva
civil – não se trata tampouco aqui do caso, como observado. O trato com os
tratores é democratizado em termos de idade e gênero, com mulheres e moças
recebendo instruções de como melhor fazer uso dos mesmos. Ao contrário de seus curtas mais célebres (A Diary for Timothy, Listen to Britain), no entanto, não se atinge aqui o resultado poético daqueles,
em grande parte devido ao seu tom mais esquemático e uso pouco criativo da
música clássica, uma peça de Lizst. Implícito fica que foi necessária a eclosão
de uma nova guerra mundial para que fazendas arruinadas durante a I Guerra, como
a que é observada, voltassem “a produzir comida e não espinheiros”, algo que é
explicitado pela narração over ao final, afirmando que ao longo do
último século a única atenção apropriada que o campo teve se deu durante as
guerras. “Quando a paz retornar não esqueçam o campo e seu povo novamente” é
sua última proposição, aproximando-se da visão funcional pretendida por
Grierson para o documentário, acrescida aqui de um comentário indicativo para o futuro que soa um tanto
dissonante caso pensemos que a maior parte da propaganda de guerra tinha como
função esquecer as diferenças internas em um esforço comum. Jennings
astuciosamente, no entanto, vai além do oportunismo de ocasião e mesmo tirando
partido da situação excepcional de esforço comum, vislumbra o risco de um além
que retorne aos vícios do momento anterior à guerra. E o tom, seja das imagens,
seja da música, ao final é menos de irrestrita alegria pela ofensiva conseguida
que de suspensão de uma pretensa euforia (mais sugerida que propriamente
apresentada, já que tudo é observado com relativa sobriedade tanto formalmente
na elaboração das imagens, quanto pelos personagens e situações retratadas) e
mesmo certa melancolia projetadas futuramente.
GPO Film Unity. 19 minutos e 11 segundos.
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