O Dicionário Biográfico de Cinema#173: Bryan Forbes

 


Bryan Forbes (John Theobald Clarke) (1926-2013), n. Londres

1961: Whistle Down the Wind [Também o Vento Tem Segredos]. 1962: The L-Shaped Room [A Mulher que Pecou]. 1964: Seance on a Wet Afternoon [Farsa Diabólica]. 1966: King Rat [Rei de um Inferno]; The Wrong Box [A Loteria da Vida]. 1967: The Whisperers. 1968: Deadfall [Vertigem]. 1969: The Madwoman of Chaillot [A Louca de Chaillot]; 1971: The Raging Moon [Muito Tarde para o Amanhã]. 1975: The Stepford Wives [As Mulheres de Stepford]. 1976: The Slipper and the Rose [O Sapatinho e a Rosa: A História de Cinderela]. 1978: International Velvet [Duplo Triunfo]. 1981: um episódio de Sunday Lovers [Amantes Sensuais]. 1982: Better Late Than Never [Antes Tarde do que Nunca]. 1983: A King in Yellow (TV). 1985: The Naked Face [A Outra Face]. 1990: The Endless Game (TV). 

Aqui está uma carreira a ilustrar a estrada enganosa dos livros de histórias de sucesso na indústria de cinema britânica. Em março de 1971, com somente 45 anos de idade, Forbes pediu demissão de uma das posições mais ímpares de executivos encarregados na produção britânica. Por dois anos havia comandado a configuração da EMI, comprometendo-se a distinção, com filmes de orçamentos baratos. Para seu crédito, houve a bonança de The Railway Children, a excentricidade de The Tales of Beatrix Potter [O Maravilhoso Mundo dos Sonhos] e uma enfiada de projetos medíocres e anêmicos: Hoffman [O Amor de um Homem], The Breaking of Bumbo e o seu próprio Muito Tarde para o Amanhã. Como conjunto, os filmes aparentam se evadirem da oportunidade, mais que agarrá-la. O fato é que como ator, roterista, diretor e executivo, frequentemente lhe faltava confiança criativa e personalidade. 

Em seu descanso forçado, escreveu um romance. Houve uma verdadeira reversão desde então, mas enquanto ainda um estudante de drama, começou a estudar ficção. Após o serviço militar foi ao cinema como coadjuvante, tão brilhante e inexperiante quanto um aspirante: The Small Back Room [De Volta ao Pequeno Apartamento] (48, Michael Powell); All Over the Town (48, Derek Twist); Dear Mr. Prohac (49, Thornton Freeland); The Wooden Horse (50, Jack Lee); Green Grow the Rushes (51, Twist); The World in His Arms [O Mundo em seus Braços] (52, Raoul Walsh); Appointment in London (52, Philip Leacock); Sea Devils [Gigantes em Fúria] (53, Walsh); The Million Pound Note [Loucuras de um Milionário] (53, Ronald Neame); An Inspector Calls [Está Lá Fora um Inspetor] (54, Guy Hamilton); The Colditz Story [Escapando do Inferno] (54, Hamilton); Passage Home [Trinta Homens e uma Mulher] (55, Roy Baker); Now and Forever (55, Mario Zampi); The Last Man to Hang (56, Terence Fisher); It's Great to Be Young (56, Cyril Frankel); The Key [A Chave] (58, Carol Reed); I Was Monty's Double [O Homem que Enganou o Mundo] (58, John Guillermin); e Yersterday's Enemy [Turbilhão de Sangue] (61, Val Guest). 

Mas seriedade não lhe levou a nenhum lugar como ator. Foi como roteirista, que se promoveu, em parte nas asas do realismo espúrio que renovou o cinema britânico: Cockleshell Heroes [Os Sobreviventes] (56, José Ferrer); House of Secrets [A Casa dos Segredos] (56, Guy Green); O Homem que Enganou o Mundo; The Captain's Table [Camarotes Indiscretos] (59, Lee) e The Angry Silence [Momentos de Angústia] (60), que também foi co-produzido com Richard Attenborough. A mistura de melodrama emocional e cenários industriais foi bem intencionada mas continuadamente lugar-comum. Não há dúvidas que Forbes trabalhou com um senso de insatisfação da complacência dos britânicos mas, ao invés de vigor, trouxe bom gosto, estridência e eventualmente pretensiosidade a eles. The League of Gentlemen [Os Sete Cavalheiros do Diabo] (60, Basil Dearden), no qual também atuou, foi um entretenimento elegante e Only Two Can Play [O Preço do Pecado] (61, Sidney Gilliat) foi divertido. Mas seu roteiro de Station Six Sahara [Cinco Homens a Desejavam] (64, Seth Holt), dependeu da vitalidade instável de Holt. Seu trabalho em Of Human Bondage [Servidão Humana] (64, Ken Hughes e Henry Hathaway*) foi simplesmente rotineiro. 

Mas Momentos de Angústia levou Forbes em direção à um recorrente compromisso entre a seriedade anódina e o gosto popular. Seus filmes tendem a correr juntos, sem um tema predominante ou estilo pessoal. Muito facilmente se rendem a uma novidade da trama e efeito óbvio e habilidoso. O melhor que pode ser dito deles é que ganharam algumas boas interpretações de Hayley Mills, Richard Attenborough e Edith Evans. Mas seu alcance soa inseguro e o abismo entre o romantismo de revista feminina de A Mulher que Pecou e o cinismo de Rei de um Inferno é o de um burocrata demasiado assediado pelos financiadores para encontrar uma personalidade. Farsa Diabólica é um bom tema, mas foi tirado das mãos de Forbes pela atuação excessiva de Kim Stanley.

Seu último crédito foi o roteiro de Chaplin (92, Attenborough).

Texto: Thomson, David. The New Biographical Dictionary of Film. N. York: Alfred A. Knopf, 2014, pp. 923-24. 

(*) N. do E.: Thomson não especificou que Forbes foi um dos diretores, juntamente com os dois outros citados, neste filme de episódios. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng

Filme do Dia: El Despojo (1960), Antonio Reynoso