Filme do Dia: Whity (1971), Rainer Werner Fassbinder

 


Whity (Al. Ocidental, 1971). Direção e Rot. Original: R.W. Fassbinder. Fotografia: Michael Ballhauss. Música: Peer Raben. Montagem: Théa Eimèsz & Rainer Werner Fassbinder. Dir. de arte: Kurt Raab. Com: Günther Kaufman, Ron Randell, Hanna Schygulla, Katrin Schaake, Harry Baer, Ulli Lommel, Tomás Martin Bianco, Stefano Capriati, Elaine Baker.

Em 1878, no sudoeste Americano, Whity (Kaufman) é o criado da família Nicholson. Chicoteado pelo pai (Randell), amante da mãe (Schaake) e de um dos filhos, Davy (Baer), assim como da prostituta do saloon local, Hanna (Schygulla).  A mãe e o perverso filho mais velho, Frank (Lommel), anseiam pela chegada da morte do pai, que sofre de câncer e queriam, inclusive, que Whity o matasse. Whity, porém, é fiel ao patrão, despertando a ira de Hanna, que afirma que ele goza com o sofrimento imposto pelo patrão e não pretende ser um ser humano. Consciente da situação, o pai inventa que não mais se encontra doente, deixando a maior parte da sua fortuna para Whity. Este acaba matando toda a família e partindo para o deserto com Hanna.

Mesmo que longe de se encontrar entre as obras mais significativas do cineasta, já apresenta muitos dos elementos que iriam constituir sua segunda fase – fotografia em cores, trabalho de câmera mais sofisticado, provavelmente em sua primeira da duradoura parceria com Ballhaus;  utilização de elementos dos filmes de gênero apenas como mote para desconstruí-los através de sua ambigüidade e evidente empostação, traindo uma mais forte influência de Godard. Com um elenco que interpreta de modo quase caricatamente mecânico e uma profundidade psicológica próxima do zero, assim como cenários sofríveis, nenhum deles –cenário ou elenco - disposto a “parecerem” reais, o filme parece por vezes uma precária fotonovela em movimento. Talvez o que lhe deixe em desvantagem em relação a obras posteriores (As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant, O Medo Devora a Alma) seja não somar a isso elementos de identificação com os personagens, que ultrapasse a ousadia dramatúrgica, aliás em grande parte influenciada por Godard, e torne o filme realmente tocante e reflexivo sobre os temas inescapáveis do realizador: as relações de troca e interesses entre grupos humanos. Antiteater-X-Film/Atlantis para Omnia Film. 95 minutos.

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