Filme do Dia: Rock Haven (2007), David Lewis
Rock Haven (EUA, 2007). Direção, Rot.
Original e Montagem: David Lewis. Fotografia: Christian Bruno. Música: Jack
Curtis Dubowski. Dir. de arte: Mara Proctor. Com: Sean Hoagland, Owen Alabado, Laura Jane Coles,
Katheryn Hecht, Erin Dale, Johnny Yono, David Lewis.
Brady (Hoagland) é filho de Marty
(Coles), cristã que pretende difundir sua igreja com a ajuda do pastor Brown
(Lewis). Sente-se imediatamente atraído pelo filho da vizinha, Clifford
(Alabado), o que acaba fazendo entrar em choque com todos os valores religiosos
que compartilha com a mãe. Clifford é irreverente e decidido. Após tentar
enganar a mãe com seu pretenso interesse em namorar Peggy (Dale), Brady se
encontra na difícil decisão de revelar
tudo à mãe, quando essa o flagrou na mentira.
Talvez o amadorismo dos atores e mesmo
a incompletude que acompanha certas situações dramáticas – como a conversa que a
mãe de Clifford pretende ter com Brady – possa até ter seu charme nesse filme
de estréia de Lewis, algo que pode se estender para reclusão dos jovens
protagonistas, que mais parecem viver à parte de qualquer sociabilidade que
transcenda a família (e, no caso de Brady a igreja, ou melhor, seu pastor) que,
mesmo possuindo uma forte dose de anti-realismo, tampouco deixa de ser
interessante ao não obscurecer o foco dramático principal. Bem mais
problemático, contudo, é o modo esquemático, clichê mesmo, com que os
personagens são construídos, algo sintetizado na esperada cena em que Brady
presenteia o seu novo amigo com um exemplar da bíblia. Lewis ainda pretende
acenar para algo que fuja do previsível ou que complexifique a cena posta, como
o possível e inesperado aceno positivo de Clifford para a religiosidade ou a
posição relativametne compreensiva do pastor, não por acaso vivido pelo próprio
realizador ou mesmo em seu final, mais contemplativo do que propriamente um happy end convencional, mas é pouco
diante do todo. Talvez tal esquematismo fosse desanuviado caso se sentisse com
maior intensidade o universo da fictícia Rock Haven (na verdade, a mesma Bodega
Bay que servira de locação para Os
Pássaros, de Hitchcock) como real, e que se encontra longe de ocorrer já
que ninguém surge na praia além dos garotos e nenhum ambiente que não seja as
casas de seus personagens e a igreja são
entrevistos. O drama dos garotos, enfim, parece ocorrer na mais pura suspensão
concreta de um mundo exterior. Ou se, ao menos, tal impossibilidade de
realismo, mais do que propriamente recusa, acenasse para um universo autoral
bem mais interessante do que o realismo chão. Torna-se evidente, no entanto,
que nenhuma dessas duas possibilidades se concretizam. E que pelo contrário, o
ritmo narrativo e o roteiro se tornam também grandes empecilhos para que o
filme se sustente de modo mais digno. O que se salva, como já referido, acaba
sendo o surpreendente elenco pseudo-amador (com Laura Jane Cooles como uma
versão menos bem lapidada de Julianne Moore) que, mesmo à custa dos mais
rasteiros golpes de manipulação emocional, aplicável sobretudo a sua dupla
principal que consegue uma expressão de pathos
surpreendente, tendo em vista tudo o que trabalha em sentido oposto, consegue
dar conta do recado. Como é o caso, para além dos já citados, da trilha musical
que ao invés de ser um aliado dramático do filme, torna ainda mais arrastadas e
repetitivas as cenas de praia de
pretensões crescentemente reflexivas. Curiosamente, reforçando os estereótipos,
encontra-se o tipo latino como o mais sensual e brejeiro em oposição ao
reprimido anglo-saxão. Morning View Films para TLA Releasing. 78 minutos.
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