Filme do Dia: O Mar Imutável (1910), D.W. Griffith
O Mar Imutável (The Unchanging Sea, EUA,1910). Direção: D.W. Griffith. Rot.
Adaptado: Griffith, baseado no poema The
Three Fishers, de Charles Kingsley. Fotografia: G.W. Bitzer. Com: Arthur V. Johnson, Linda
Avidson, Gladys Egan, Mary Pickford, Charles West, Kate Bruce, Alfred Paget.
Pescador (Johnson) desaparece em
naufrágio, deixando a jovem esposa (Avidson) com filha pequena (Egan) para
criar e retornando sempre ao local onde o vira pela última vez. Ele acaba se
incorporando a outra comunidade de pescadores, aonde as ondas o levaram,
tragando sua memória. Anos depois, a mãe sofre com a solidão crescente, após a
partida da filha (Pickford) com o marido (West) também pescador. Quando vai ao
mesmo local de sempre chorar suas mágoas, reencontrará o marido, que redescobre
a memória ao desembarcar por acaso no local em que vivera sua juventude.
Griffith realizou um filme bastante
atípico, seja em termos visuais, seja em termos da ausência de suas prédicas
morais tão insistentes ao longo de sua filmografia. Em termos visuais, o que
mais importa, o filme parece se contaminar pela poesia que lhe foi ponto de
partida. O realizador recria a úmida atmosfera dos pescadores irlandeses nas
praias de Santa Monica, Califórnia, através de imagens poéticas, repletas de
inspirados motivos em profundidade de campo e planos perpendiculares. Pouco
importa que os mesmos ângulos se repitam ad
nauseum ao longo do filme. Há aqui uma intensidade dramática que soa
convincente até os dias de hoje, sendo a paisagem o elemento essencial nessa
construção algo evocativa, em retrospecto, a cenas de realizadores posteriores
como Sjöström e Flaherty. O cineasta aqui se aventura por um universo não
apenas oceânico, raro em sua produção, como ambientado no estrangeiro,
demonstrando uma faceta versátil pouco lembrada em sua produção. Refilmado doze
anos após com o título And Women Must
Weep. Biograph. 14 minutos.
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