Filme do Dia: The Helter Skelter Murders (1970), Frank Howard

 


The Helter Skelter Murders (EUA, 1970). Direção, Fotografia e Montagem: Frank Howard. Rot. Original: J.J. Wilke Jr, & Duke Howze. Música: Sean Bonniwell. Dir. de arte: Melinda Wing. Com: Brian Klinknett, Erica Bigelow, Paula Shannon, Linda Van Compernolle, Debbie Duff, Phyllis Estes, Gary Donovan, Richard Kaplan.

Efetivamente baseado nos crimes praticados pela “família” Manson um ano antes, essa canhestra produção procura explorar ao máximo o evento que ainda nem havia finalizado o seu julgamento – no cartaz o ator principal seria o próprio Manson, embora no filme em nenhum momento sejam citados os nomes reais dos envolvidos e Manson é referido apenas como Charlie. É evidente que  não poderia ficar de fora igualmente uma exploração do sexo associado à juventude hippie, como se Howard, nesse que é seu único filme, tivesse feito um aprendizado básico junto aos festivais de rock filmados à época e tentasse reproduzir o ambiente a partir da fala de um dos depoentes – o filme é praticamente construído com os flashbacks de testemunhas no momento do julgamento; mesmo que, a partir de certo momento, devido a sua própria debilidade narrativa, tal estrutura seja deixada de lado e apenas acompanhemos a invasão da mansão e os assassinatos, não mais se retornando para a corte judicial. Lógico que aqui a nudez não possui exatamente a dimensão dessexualizada e antropológica com que é flagrada nos festivais e é abertamente explorada em vários momentos. Avesso aos diálogos, que não são de modo algum (para a sorte do espectador dado o caráter amador do elenco) fundamentais, o filme que pretende seguir uma estrutura de docudrama, com algumas cenas efetivadas em locações reais e até uma canção cantada pelo próprio Manson na trilha sonora, seria seguido por uma série de televisão em 1976 e por  outro longa-metragem em 2003. Para acentuar o seu tom documental é filmado em preto&branco, sendo a única seqüência colorida justamente a que representa um momento de filmagem de Sharon Tate, fazendo uso de um esquema bastante comum no cinema clássico – preto&branco identificado com o realismo (associado aqui também certamente à tv) e as cores e fantasia ao universo do cinema. Ao final, um hipócrita comentário sobre a necessidade de maior controle em relação às drogas - um dos maiores chamarizes do filme vem a ser justamente a exposição ao consumo de drogas – para que no futuro a sociedade e o próprio país possam sobreviver. O que faz lembrar as estratégias morais de certa produção do cinema mudo, que para apresentar a virtude devia expressar o vício, correspondente, na verdade, a praticamente todo o filme. Também conhecido como The Other Side of MadnessEnglewood Ent. 82 minutos.

 


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