Filme do Dia: Espíritos Indômitos (1950), Fred Zinnemann



 Espíritos Indômitos (The Men, EUA,1950). Direção: Fred Zinnemann. Rot. Original: Carl Foreman. Fotografia: Robert De Grasse. Música: Dimitri Tiomkin. Montagem: Harry W. Gerstad. Dir. de arte: Rudolph Sternad. Com: Marlon Brando, Teresa Wright, Everett Sloane, Jack Webb, Richard Erdman, Virginia Farmer, Marshall Ball, Patricia Joiner, DeForest Kelley.

             Ken Wilozek (Brando) é o paciente rebelde do Dr. Brock (Sloane), que é mantido isolado dos outros pacientes. Posto na enfermaria, ele deve aguentar as pilhérias de Leo (Erdman) e Norm (Webb) e recusa qualquer contato com a ex-noiva, Ellen (Wright). Aos poucos, no entanto, recupera a vontade de viver, quando percebe o real interesse de Ellen e passa a fazer treinamentos físicos com o hábil Romano (Ball). Porém o ânimo do grupo é abalado quando Romano repentinamente falece, em decorrência de meningite. Após um período de crise também no relacionamento com Ellen, o casamento ocorre, ainda que contra à vontade dos pais da garota. Porém logo na primeira noite a tensão torna-se insuportável para Ellen que afirma ter se arrependido da decisão. Ken volta para o hospital mais encrenqueiro que nunca, quebrando as vidraças de uma porta, arranjando briga em um bar e sofrendo um acidente alcoolizado. Por decisão autonôma do conselho formado por seus próprios companheiros é decidido que ele deve abandonar à instituição. O Dr. Brock também reforça a decisão, afirmando que ele deveria aceitar com mais humildade as fraquezas da esposa. Ken retorna ao lar e é recepcionado carinhosamente por Ellen.
Típico produção de Kramer, com sua simpatia pelos filmes de mensagem de teor liberal, que o título em português soube traduzir melhor que o original. Quanto a última característica, essa também não é estranha ao cineasta, que realizaria seu maior sucesso apenas 3 anos depois, com A Um Passo da Eternidade, também tendo a guerra como elemento dramático indireto – aqui presente apenas na seqüência inicial, que apresenta o momento em que Ken foi ferido. Com um prólogo aparentemente interminável, em que o médico visita a cama de cada um dos pacientes e uma estrutura por demais semelhante a verdadeira tradição de filmes que retratam pessoas com deficiência física, esse certamente é mais lembrado como o primeiro papel de Brando no cinema – e já como protagonista, o que era uma raridade na época. À previsibilidade do roteiro se soma a irritante bonomia e subserviência de Wright (melhor explorada em A Sombra de uma Dúvida) e o resultado final é bem menos interessante que o do filme de 53, que apresentava as mulheres com um senso de emancipação raro para a época. O drama da reintegração de soldados tem sido uma constante na produção americana, sendo um exemplo bem superior, tanto em termos de forma como de conteúdo, Os Melhores Anos de Nossas Vidas (1945), de Wyler, enquanto Amargo Regresso (1976) de Ashby, é um dos exemplos do que há de pior no gênero. Stanley Kramer Productions. 85 mintuos.

Postada originalmente em 20/11/2018

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