Filme do Dia: Mawlana (2016), Magdy Ahmed Ali
Mawlana (Egito,
2016). Direção: Magdy Ahmed Ali. Rot. Adaptado: Magdy Ahmed Ali & Ibrahim
Issa, a partir do romance de Issa. Fotografia: Ahmad Bishari. Música: Adel
Hakki. Montagem: Salafa Noureddine. Dir. de arte: Hend Haider. Figurinos: Remm
El Adl. Com: Amr Saad, Dorra Zarrouk,
Ahmed Magdy, Bayummi Fuad, Riham Haggag, Ramzi El Adl, Amr Wahba, Laila Ezz El
Arab.
O Xeique
Hatem (Saad) vivencia mudanças relativamente rápidas em sua vida. Sua
popularidade cresce imensamente com a TV. O filho, ser que mais ama no mundo,
sofre um acidente em uma piscina, sendo hospitalizado em coma. E Hatem agora
que se tornou uma verdadeira celebridade nacional, terá que se equilibrar entre
as pressões de interesses de grupos poderosos. Servindo como uma espécie de
pajem espiritual para o herdeiro bilionário Hasan (Magdy), que vive atormentado
por crises existenciais que o levam a abraçar o cristianismo e tentar o
suicídio. E, posteriormente, praticar um atentado terrorista de grandes
proporções, que deixa a situação de Hatem um tanto delicada.
Há uma
dificuldade em encaminhar o que de fato seria importante no filme, agravado
pela elaboração de um personagem principal com o qual o filme parece se
identificar, mas cuja elaboração permanece algo ambígua, já que demasiado
embevecido com sua própria fama e um tanto calculista no personagem que elabora
diante das câmeras, tornando secundário seus laços familiares e mesmo o seu
maior objeto de devoção – o filho simplesmente desaparece do radar da narrativa
enquanto observamos a meteórica ascensão de Hatem nos círculos mais influentes
do país. Sua mulher tampouco recebe atenção maior. E o filme se estende um
tanto longamente sobre os meandros da religiosidade institucional do país em um
movimento que não deixa de apontar corajosamente a hipocrisia, mesmo que Hatem
apenas divida seu incômodo no plano privado e quando demonstra sua insatisfação
publicamente, pelo simples motivo de ter sido levado a tanto, sua saída é a de
expressar “emoções verdadeiras” que a mídia não dará conta, embora sua saída
após um sermão contundente é em meio ao foco de atenção da mesma, e mantendo
uma postura de braveza heroica. De quem, aparentemente, parece ter voltado a
valorizar o que para ele verdadeiramente importa: sua família e o mundo
privado. Numa saída melodramática que volta preguiçosamente às costas para tudo
que elaborara previamente de forma quase tão calculada quanto seu personagem.
Saída, aliás, não muito distinta do filme de fantasia que lhe é praticamente
contemporâneo, The Blue Elephant 2, embora longe da criatividade e do
uso inventivo que lida com distintas tradições de gêneros clássicos.
iProductions para Ceddars Art Prod./Sabbah Brothers. 130 minutos.
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