Filme do Dia: O Segredo do Pântano (1941), Jean Renoir
O Segredo do Pântano (Swamp Water, EUA, 1941). Direção: Jean
Renoir. Rot. Adaptado: Dudley Nichols, baseado no romance Vereen Bell.
Fotografia: J. Peverell Marley. Música: David Buttolph. Montagem: Walter Thompson. Dir. de arte: Richard
Day & Joseph C. Wright. Cenografia: Thomas Little. Figurinos: Gwen
Wakeling. Com: Dana Andrews, Anne Baxter, Walter Huston, Walter Brennan,
Virginia Gilmore, John Carradine, Mary Howard, Ward Bond, Guinn “Big Boy”
Williams, Mae Marsh.
Ben (Andrews) se enfronha em um
perigoso pântano da Geórgia atrás de seu cão perdido, indo contra os conselhos
do pai, Thursday (Huston) e acaba se encontrando com Tom Keefer (Brennan), que
vive como ermitão, desde que foi acusado injustamente de ter cometido um
homícidio. Ben, depois da discussão acirrada com o pai, ao retornar, decide
morar só e viver da caça que empreende no pântano com auxílio de Tom Keefer.
Seu afastamento por longas temporadas provoca a ira de sua namorada, Mabel
(Gilmore), que suspeita que ele encontrou Keefer. Algo qu se torna ainda mais
evidente com o envolvimento de Ben com a filha de Keefer, Julie (Baxter), até
então figura marginalizada pela sociedade local. Ben descobre que os Irmãos
Dobson (Bond e Williams) foram os verdadeiros autores do crime e decide trazer
de volta Tom Keefer. Quando retornam, são surpreendidos pelos Irmãos Dobson em
emboscada.
Esse filme que possui uma proximidade
com temáticas bem afins ao cinema clássico norte-americano (notadamente John
Ford, algo igualmente patente em um elenco repleto de coadjuvantes conhecidos
por sua associação com a obra de Ford, tais como Carradine, Brennan, Bond e
Marsh), ao mesmo tempo possui uma atmosfera algo “mística” que o transcende. E
muito desse efeito provém de sua acertada escolha pela filmagem em locações.
Nesse sentido, o tema da iniciação de um jovem adulto que consegue se impor à
figura masculina dominante, bem típico do universo do western, é matizado por esse senso atmosférico, ao menos em sua
primeira metade, que pode ter antecipado uma ainda mais incisiva representação
dos “mistérios” ocultos da natureza em um filme como O Mensageiro do Diabo (1955), de Laughton, filme de outro
estrangeiro lidando com os códigos da produção industrial americana. Ainda que
a produção pouco lembre a filmografia
anterior ou posterior de Renoir na Europa, uma de suas marcas registradas (a
recorrente exploração da profundidade de campo) se encontra aqui presente. O
romance de Bell seria adaptado novamente por Jean Negulesco, em 1952, com
Brennan agora vivendo o pai do herói. 20th Century-Fox. 88 minutos.
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