Filme do Dia: Marcelo Zona Sul (1970), Xavier de Oliveira

 


Marcelo Zona Sul (Brasil, 1970). Direção e Rot. Original: Xavier de Oliveira. Fotografia: Edson Batista. Música: Denoy de Oliveira & Geny Marcondes. Montagem: Manuel Oliveira.Cenografia: Alexandre Horvath. Com: Stepan Nercessian, Françoise Forton, Simone Malaguti, Lula, Francisco Dantas, Neila Tavares, Maria Teresa Barroso, Antônio Victor.

Marcelo (Nercessian) é um adolescente rebelde que já fui expulso de sala mais de duas dezenas de vezes e no dia de uma prova de matématica, acaba roubando as provas e indo com a namorada (Forton) até a Lagoa Rodrigo de Freitas, onde as joga nas águas da lagoa. Decide ir com o melhor amigo, José Miguel (Lula), “órfão” de pais ricos e sempre ausentes e uma amiga da namorada (Malaguti), no jipe dos pais de Miguel, até um trecho deserto da Floresta da Tijuca. Ficam presos no local por um bom tempo, já que o carro dá um defeito. O retorno para casa lhe reserva a descoberta nada agradável de que os administradores do colégio descobriram o plano e todos os envolvidos. Marcelo é expulso e, após flagrar sua namorada com um novo namorado mais velho e de carro, decide pôr em plano a fuga para São Paulo, com José Miguel. Após passarem a noite toda sem conseguirem uma carona, dormem à margem da rodovia e decidem voltar para suas respectivas casas na manhã seguinte.

Esse filme de Oliveira, exitosamente fotografado em p&b, consegue ser um dos mais tocantes retratos da adolescência já realizados pelo cinema brasileiro, contando em grande parte para o sucesso a espontaneidade do casal protagonista, que segue longa carreira na televisão e cinema, assim como a simpatia, destituída de sentimentalismo, com que o cineasta aborda Marcelo. Ao retratar as inquietações típicas da idade, resvalando para pequenos delitos e a indiferença e distância do universo adulto – que procura ser remediado por uma tentativa do pai de Marcelo de empregá-lo em seu trabalho, uma repartição pública repleta de tediosos exemplares da classe média – o cineasta denuncia sua influência da Nouvelle Vague, sobretudo do Truffaut de Os Incompreendidos. Um comentário musical faz alusão ao final da narrativa. Ipanema Filmes/Lestepe Produções Cinematográficas. 98 minutos.

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