Filme do Dia: Camaradas (1920), John Ford
camaradas
(Just Pals, EUA, 1920). Direção: John Ford. Rot. Adaptado: Paul
Schofield, baseado no conto de John McDermott. Fotografia: George Scheneidermann. Com: Buck Jones,
Helen Ferguson, George Stone, Duke R. Lee, William Buckley, Eunice Murdock
Moore, Bert Appling, Edwin B. Tilton.
Bim (Jones) é considerado um João-Ninguém
num povoado provinciano do Oeste americano. Ele se afeiçoa do garoto Bill
(Stone), que parece uma reprodução em menor escala dele próprio. A professora
de bom coração Mary Bruce (Ferguson), leva Bill para a escola e quando este
sofre um acidente de trem para ajudar Bim, este o leva desesperado para um
médico oportunista, Dr. Stone (Tilton) e sua esposa (Moore), que acreditam que
a criança é filho de um rica família que oferecera vultosa recompensa para quem
encontrasse seu filho. Mary Bruce é enamorada do crápula Harvey Cahill
(Buckley), que a pede emprestado uma quantia de dinheiro para apenas cobrir
temporariamente os fundos da companhia em que trabalha. Mary retira o caixa da
escola e, pressionada pela devolução do dinheiro antes que possa efetivamente
retorná-lo tenta o suicídio. Após
diversos mal entendidos, Bim, consegue se safar de ser enforcado, ao ser
descoberto que ele não era membro de assaltantes de um banco, antes lutava
contra estes, enquanto um amigo de Bill, acaba sendo o filho da rica família,
proporcionando um cheque de dez mil dólares que sela a possibilidade de
casamento do ex-vagabundo.
Mesmo que muitos dos elementos da
mística do Oeste se encontrem presentes no filme, este se aproxima mais do
melodrama de herança griffitheana do que propriamente dos filmes do gênero.
Neste sentido, as cenas de ação e as exuberantes locações registradas em sua
imensidão solitária através de generosos planos gerais é aqui substituída por
uma representação mais doméstica e intimista, se se pode utilizar tal
expressão. O herói evidentemente é alguém menos socialmente estabelecido do que
marginal à “sociedade”, traindo uma dimensão populista que seria sofisticada
posteriormente no cinema sonoro (como em seu clássico No Tempo das Diligências). Evidentemente, tudo gira em torno de
esquemas narrativos já bastante codificados, quase como num puzzle, em que os elementos se ajustam à
perfeição e o reconhecimento tardio do herói se dá por sua saída da vida de
pobretão e o quanto o novo figurino ainda soa literalmente forçado para ele (ao
final, este é observado de terno novo de janota, tendo esquecido de retirar a
etiqueta do preço). Sua trama e subtramas rocambolescas são efetuadas através
de uma montagem tão acelerada, mesmo
para os padrões contemporâneos, que se tem que ficar plenamente atento para
perceber todos os detalhes e implicações dos envolvidos. Foi o primeiro filme
do realizador após trocar a Universal pela Fox. O garoto aparentemente não
seguiu carreira e esta parece ter sido sua única incursão no mundo do cinema. Fox Film Corp. 50
minutos.
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