Filme do Dia: Neblina e Sombras (1991), Woody Allen
Neblina e Sombras (Shadows and Fog, EUA, 1991). Direção e
Rot. Original: Woody Allen. Fotografia: Carlo Di Palma. Montagem: Susan E.
Morse. Dir. de arte: Santo Loquasto & Speed Hopkins. Cenografia: George De
Titta Jr. & Amy Marshall. Figurinos: Jeffrey Kurland. Com: Woody Allen, Mia
Farrow, John Malkovich, John Cusack,
Madonna, Donald Pleasence, Lily Tomlin, Jodie Foster, Kathy Bates, John
C. Reilly, Wallace Shawn, Kenneth Mars, William H. Macy .
Kleinman (Allen) é um escrivão que tem
sua vida atribulada com a onda repentina de assassinatos. Irmy (Farrow),
artista circense, briga com o namorado (Malkovich), palhaço do mesmo circo, e
busca acolhida no prostíbulo. O assassino continua fazendo vítimas, inclusive o
médico (Pleasence) que estudava suas vítimas buscando traços de seu caráter e
com quem Kleinman havia se encontrado pouco antes. No prostítubulo, Irmy é
objeto do desejo do estudante Jack (Cusack), que paga 700 dólares para possuir
ela por uma noite. Tida como prostituta
pela polícia, Irmy fica próxima de Kleinman, foragido por ser considerado o
assassino.
Adaptado de um conto do próprio Allen,
essa evidente sátira ao universo de Kafka soa um tanto anêmica, algo que nem
mesmo seu elenco espetacular, talvez o mais repleto de nomes célebres em toda a
carreira do cineasta, ou sua grandiosa cenografia, tida como a maior já
produzida em Nova York, ou ainda sua bela fotografia em preto&branco,
conseguem dirimir. Ao longo de todo o filme, é mais que evidente o desejo de
Allen de ressaltar a dimensão da própria arte em relação à vida, fazendo uso
desde o casal de artistas, evidente referência a O Sétimo Selo, de Bergman até uma trilha sonora calcada nas
composições de Brecht e Kurt Weill para a Ópera
dos Três Vinténs e, principalmente, dos números de magia ao final. Talvez
uma das fraquezas do filme advenha, aliás, justamente, de uma das conseqüências
de se optar por uma narrativa que se desvela a todo o momento enquanto tal: a
ausência de definição temporal e histórica precisa. A narrativa busca se livrar
do maniqueísmo e de uma resolução completa – tanto o assassino não é capturado
ao final quanto alguns de seus atos hediondos, como a morte de uma mulher de
rua, acaba beneficiando a felicidade e a paz de outrem – no caso Irmy, que
adota a filha da mulher morta e engrena finalmente com seu sonho de formar uma
família. Entre as curiosidades se encontram o tributo a Donald Pleasence,
quando o personagem vivido pelo ator se encontra diante de um beco sem saída na
qual se encontra inscrito a expressão francesa equivalente (cul-de-sac, título original de Armadilha do Destino, no qual Pleasence
fora dirigido por Polanski). Assim como a breve ponta de Madonna, encarnando a
artista mais sexy do circo, com quem o palhaço de Malkovich se engraça até ser
flagrado pela companheira. É considerado o filme mais caro de Allen. Orion
Pictures Corp. 85 minutos.
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