Filme do Dia: Mulher de Tóquio (1933), Yasujirô Ozu
Mulher de Tóquio (Tôkyô no Onna, Japão, 1933). Direção: Yasujirô Ozu. Rot. Adaptado: Tadao Ikeda & Kôgo Noda, a partir do romance de Ozu. Fotografia: Hideo Shigehara. Montagem: Kazuo Ishikawa. Dir. de arte: Takashi Kanasu. Cenografia: Shintarô Mishima & Jiro Nakamura. Figurinos: Kô Saitô. Com: Yoshiko Okada, Ureo Egawa, Kinuyo Tanaka, Shin’yô Nara, Chishû Ryu.
Dois irmãos dividem morada. Chikako
(Okada) sustenta Ryoichi (Egawa), afirmando que vai trabalhar na tradução com
um professor. Harue (Tanaka), outra assistente do professor na tradução
descobriu desgostoso ter ela um “comportamento obsceno”, trabalhando em uma
boate. Harue fica chocada e se dispõe a conversar com ela. Quando chega em sua
casa, no entanto, apenas o irmão se encontra. Ela, após algum tempo, comenta
tudo com ele. Chocado, ele pede que ela se retire. Tarde da noite, quando a
irmã chega, ele a confronta. E a agride. Ambos choram. Ryoichi abandona a casa.
Chikako procura Ryoichi junto a Harue. Essa lhe afirma que quem contou tudo a
ele foi ela. Harue fica sabendo que Ryoichi se suicidou.
Nada incomuns, as referências ao cinema
norte-americano surgem aqui com os personagens assistindo Se Eu Tivesse um Milhão
(1932), um dos primeiros filmes em sketches,
dirigido por sete realizadores. A cena apresentada é relativamente longa e
destaca Charles Laughton. Tampouco incomum são os tapas nada realistas que o
irmão dá em Chikako. O sacrifício da mulher para que o homem possa ter uma vida
mais digna que ela própria, recorrente na produção do período (a exemplo do
contemporâneo A Feiticeira das Águas,
de Mizoguchi) é também bastante presente na produção melodramática, como que
elevando o papel “indigno” da mulher a um patamar moralmente mais
“justificável”. O filme contrasta ao final, muito provavelmente a guisa de um
comentário moral, a dor das mulheres
diante da notícia com a frieza profissional dos jornalistas. Se Ryu se tornará
um ator emblemático do realizador, colaborando com ele até o final de sua
carreira, Tanaka será lembrada sobretudo por sua colaboração com Mizoguchi,
demonstrando igualmente o perfil diferenciado que a carreira de Ozu trilhará,
aproximando-se cada vez mais de dramas domésticos de menor envolvimento com
setores marginais da sociedade como ocorre ocasionalmente no início de sua
carreira. Shôchiku Eiga. 47 minutos.
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