Filme do Dia: Wild Gunman (1978), Craig Baldwin
Wild
Gunman (EUA, 1978). Direção: Craig Baldwin.
A
desconstrução dos arquétipos vinculados à masculinidade e ao gênero western em
geral são tripudiados nessa experimentação-colagem que vai desde imagens de
filmes B de pouca repercussão até a publicidade contemporânea dos cigarros
Marlboro, acompanhada de seu inconfundível tema sonoro. Repetições (de imagem,
mas também de áudio), reversões de imagem, aceleração e desaceleração da
imagem, trucagens ópticas (como as que criam um halo de luz nos personagens dos
filmes de western quando estão em vias de balear ou serem baleados). Porém, as
inclusões vão muito além do que diretamente poderia ser associado ao tema,
incluindo todo tipo de “detrito cultural” produzido pelo audiovisual, imagens
direcionadas ao público infantil, experiências científicas cruéis com um gato,
animações antigas, corridas de cachorros, multidões marchando pelas ruas de
Nova York ou com uma paciente psiquiátrica – quando o choque é aplicado a essa,
volta-se para a imagem do contato do “Marlboro Man” com seu cigarro e do gato
que recebe descargas elétricas na cabeça, numa indicação de paralelismo entre
as noções de prazer e dor associadas ao cérebro. Na banda sonora, para ficar em
uns poucos exemplos, pode-se escutar a fanfarra da 20Th Century-Fox, a abertura
da série de animação Looney Tunes, um
comercial de Coca-Cola ou uma versão alterada de um dos clássicos dos musicais.
Na da imagem, desde o início faz-se presentes indicações como “você ganhou”,
“você perdeu” ou “fim do jogo”, que dizem respeito ao videogame pioneiro
homônimo ao qual esse curta faz referência, inclusive emprestando seu próprio
título. Em uma das conjunções mais explícitas de associação de imagens se
observa imagens de refeições fartas (seja em um filme de animação ou de ação ao
vivo) ao som de uma canção ternamente cantada por uma garotinha se misturarem
as de filas para alimentação, crianças esqueléticas e o gato da experiência com
a face completamente lambuzada de leite. Termina com imagens apocalípticas sem
recorrer ao fácil apelo de voltar a apresentar game over ou the end,
como se observara (sobretudo o primeiro) com grande frequência ao longo de sua
metragem. E, para encerrar, a assinatura de Baldwin na própria película ao
estilo das que Stan Brakhage celebrizou em seus filmes. 19 minutos e 24
segundos.
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