Filme do Dia: Morangos Amargos (1970), Stuart Hagmann

 


Morangos Amargos (The Strawberry Statement, EUA, 1970). Direção: Stuart Hagmann. Rot. Adaptado: Israel Horovitz, baseado no livro The Strawberry Statement: Notes of a College Revolutionary, de James Kunen. Fotografia: Ralph Woosley. Música: Ian Freebairn-Smith. Montagem: Marjorie Fowler, Roger J. Roth & Fredric Steinkamp. Dir. de arte: E. Preston Ames & George W. Davis. Figurinos: Robert R. Benton. Com: Bruce Davinson, Kim Darby, Bud Cort, Murray MacLeod, Tom Foral, Bob Balaban, Michael Margotta, Israel Horovitz.

Simon (Davinson), estudante universitário em San Francisco, observa as manifestações estudantis que ocorrem no campus. Ele se aproxima do grupo que invadiu a reitoria e conhece Linda (Darby). O que tinha como interesse inicial apenas ser uma forma de encontrar garotas, acaba se tornando paixão por Linda e uma intensa participação nos movimentos contestatórios do grupo, vindo a ser  um dos líderes do movimento e preparando seus companheiros para um violento confronto com a polícia.

Cultuado por alguns por retratar o movimento contracultural contemporâneo à sua produção, o filme de Hagmann mais parece, décadas após, voluntariamente ou não, sufocado pelo oportunismo, ao associar seu vago libertarismo com clichês rasteiros e fazer uso de uma inspirada trilha de canções que parece explorar tanto para aludir à pretensa espontaneidade da descoberta do mundo adulto por parte de seu protagonista como para cobrir  a inexistência de uma narrativa mais bem delineada. O resultado final soa um tanto datado e excessivamente ingênuo, e mesmo momentos que não chegam a ser destituídos de certo charme, como a alusão a Os Incompreendidos (1959) de Truffaut, e sua clássica sequência no parque de diversões, tampouco conseguem esconder sua admiração pela Nouvelle Vague, demonstrando uma reverência que não se constrói no próprio corpo do filme. Entre as canções, Helpless, Suite: Judy Blue Eyes  e Our House, com Crosby, Stills, Nash & Young, Down by the River e The Loner, com Neil Young, assim como uma referência paródica a 2001: Uma Odisséia no Espaço, através dos acordes iniciais da peça de Strauss e um momento irregular, como todo o filme, no qual o amor entre o casal principal se traduz na audição do Concerto em D Menor, de Alessandro Marcello numa loja de discos. Duas canções ganham relevância dramática maior: Something in the Air com o grupo Thunderclap Newman e Give Peace a Chance. Ambas são ouvidas em mais de uma ocasião e, no caso da segunda,  é cantada pelo grupo de estudantes numa manifestação pacifista que filmada do alto, numa disposição gráfica evocativa dos musicais de Berkeley, destaca-se como o único momento visualmente digno de nota de um filme que procura, sem sucesso, vampirizar o lirismo das canções escolhidas a dedo. Proveniente da televisão e estreando com esse filme no cinema,  meio no qual somente dirigiria outro filme no ano seguinte, Hagmann voltaria a produzir para TV em sua breve carreira. Bud Cort, ator bastante presente nas produções da época (Voar é Com os Pássaros, MASH, Ensina-me a Viver) vive o melhor amigo do protagonista. MGM/Chartoff-Winkler Prod. para MGM. 109 minutos.

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