Filme do Dia: Escuadrón 201 (1945), Jaime Salvador

 


Escuadron 201 (México, 1945). Direção: Jaime Salvador. Rot. Original: Luis G. Manjarrez & Jaime Salvador. Fotografia: Victor Herrera. Música: Leo Cardona & Manuel Esperón. Montagem: Rafael Ceballos. Dir. de arte: Manuel Fontanals. Figurinos: Marichu Enciso, Roberto Miranda & Emma Roldán. Com: Sara García, Gloria Aguiar, Louise Burnett, Domingos Soler, Jorge Mondragón, Clifford Carr.

Dois jovens irmãos, um deles Manuel, que havia recém-ganho uma bolsa de estudos para medicina, enquanto o outro, Pedro, acabara de noivar com Lupe (Aguiar), decidem se alistar no Exército, fazendo parte de um esquadrão mexico-americano na Segunda Guerra nas Filipinas, para a tristeza de seus pais (García e Soler). Manuel se apaixona pela americana Louise (Burnett). O filho de um padeiro emigrado da Espanha também se alista. Na primeira missão aérea da qual participam, tanto o filho do padeiro como Manuel são fatalmente atingidos. Lupe e seu pai (Mondragón) vão até a família para contar a triste notícia, sendo que Manuel e o filho do padeiro ganham honras militares póstumas.

Mesmo passível de ser considerada uma produção anômala com relação aos habituais melodramas produzidos contemporaneamente no país – e que, diga-se de passagem, produziam resultados bem mais efetivos que esse – ao incorporar um viés vagamente vinculado à história contemporânea, suas implicações em que os dramas afetivos-familiares se tornam de longe mais importantes do que o mero pano de fundo representado pela guerra e seus combates – bem poderia ser qualquer outra motivação – não o afastam de sua matriz essencialmente melodramática. O resultado final, no entanto, maculado por sua mescla indigesta com uma propaganda patriótica resulta menos em um filme de propaganda de guerra que incentivaria o alistamento, pois no momento de seu lançamento a guerra já era finda, como era habitual na produção aliada de então. É demasiado previsível e canhestro quando comparado com seus equivalentes norte-americanos produzidos no auge da guerra, para não falar de um equivalente a evocar a força aérea, chamariz para produções de todo o mundo (incluindo o Brasil, com o hoje perdido Caminho do Céu), produzido na Itália (Un Pilota Ritorna), que pode ser considerado como o extremo oposto do tom lacrimogênio e das convenções dramáticas banais aqui apresentadas. O exaltado tom ufano gera momentos de involuntário patético, como quando após descer do avião cujo um dos pilotos era Manuel, e do qual também fazem parte seu irmão e do filho do padeiro, Pedro grita com fervor alucinado o nome do país. O fato, aliás, de dividir o mesmo avião do irmão e do rapaz que se torna melhor amigo da dupla, pode se tornar uma metáfora apropriada para a própria compreensão do mundo a partir da ótica familiar-sentimental. Poucas cenas são efetivamente filmadas pela equipe, que faz uso habitual da espetacularização da violência, quando observa bombas sendo lançadas e explodindo sobre a terra ou cenas espetaculares de destruição aérea evidentemente extraídas de arquivos e tampouco se tem grande precisão sobre o fato de se encontrarem nas Filipinas. Curiosamente a referência na narrativa mais explícita a uma sinalização, algo tardia, de apoio aos Estados Unidos, representada pelo amor entre a americana Burnette e o mexicano Manuel tampouco se concretiza, graças a proclamada morte do segundo, antecipada já pela certeza de sua amada ao se despedir do mesmo e comprovada de vez com a quebra da corda de seu violão, quando cantava uma canção para o mesmo. As canções de romantismo derramado, apresentadas em longos planos em aberta contraposição a uma montagem centrada em planos breves, tampouco se furtam do ridículo de apresentarem sempre apenas um dos membros do casal cantando, enquanto o outro procura se sair o melhor possível sem abrir a boca. Films Mundiales/Productores de Películas. 107 minutos.

 

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