Filme do Dia: Visões do Império (2020), Joana Pontes

 



Visões do Império (Portugal, 2020). Direção Joana Pontes. Rot. Original Joana Pontes, Miguel Bandeira Jerónimo & Filipa Lowndes Vicente.

A imagem inicial que apresenta uma exorbitante quantidade de publicações, fotos e outros documentos que remetem aos tempos do Império português na África, já bem sintetiza o que nos aguarda. Seguidas visitas, inicialmente a feiras públicas e colecionadores, depois a toda sorte de arquivos públicos do país, que trazem ilustrações da época. E que são comentadas, via de regra, por especialistas. Sobretudo os dois que colaboraram no roteiro. Em alguns momentos pela própria realizadora, da qual somente temos acesso a voz. E ao passear por tantos temas vinculados ao regime, que a fotografia teve algum protagonismo (a inexistência de ocupação territorial efetiva x imagens que passavam a segurança de um oficial português de seus subordinados africanos, a exploração do corpo feminino anônimo das nativas x o tratamento visual que é expresso às colonizadoras brancas, as condições de trabalho escravo que eram relegados boa parte dos nativos contratados x imagens que traduziam boa assistência médicas e mulheres negras com seus filhos, traduzindo uma organização semelhante a das famílias ocidentais aos quais eram endereçadas, etc.) sucumbe-se a uma ausência de foco maior, que finda por não explorar nenhum desses temas com maior profundidade. Mesmo a fotografia, que se torna o mote a uni-las, tem relativa coadjuvância em termos de sua historicidade, por mais que vejamos muitos e muitos exemplares de fotos dos mais diversos tipos, a ilustrarem os mais diversos temas. Como resume um historiador, as histórias que são contadas sobre a pacificação e a dominação das colônias, estão sempre a nos falar das debilidades desse domínio nos dois campos. Mais adiante se avança para o contexto prévios às guerras de libertação, onde novamente as fotografias tiveram grande efeito, pois as dos massacrados portugueses por uma revolta de angolanos que há tempos clamavam contra suas condições laborais e de vida, ganham as páginas da imprensa portuguesa, driblando qualquer código de ética vigente, e tendo como retorno social, a intervenção militar massiva das forças coloniais. E não havia, nenhuma narrativa de grande apelo público, ou registros fotográficos disseminados, do lado dos colonizados. Baseou-se, ao menos em seu pontapé inicial, inclusive em seu título, no livro O Império da Visão.| Uma Pedra no Sapato/Vende-se Filmes. 92 minutos.

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