Filme do Dia: 6 Little Jungle Boys (1945), Joy Batchelor & John Halas

 


Little Jungle Boys (Reino Unido, 1945). Direção Joy Batchelor & John Halas. Rot. Original Roger MacDougall. Música Matyas Seiber.

Seis jovens combatentes abandonam suas garotas e partem para a guerra, enfrentando toda sorte de variações climáticas, com uniformes igualmente diversos. O que será o mais prevenido será o único que resistirá a todas as provações enfrentadas pelo pelotão, retornando ileso, após combater vitoriosamente contra o inimigo, sendo também o único a receber medalha. 

O que se evidencia de início é a ausência de individualidade com que o tema da guerra é tratado, as situações se sobrepondo a qualquer traço individual, em um registro afinado com a lógica militar. Assim, observa-se seis rapazes absolutamente idênticos – os que se refere o título - se despedirem aos beijos de sua meia-dúzia de garotas idem, diante de 6 residências absolutamente iguais. E também a quase inevitável alusão racista do surgimento do que se poderia apostar como primeiro oponente (selva=monstro “agorilado”, forte alusão a negro) tropical, não concretizada. Quando se aproxima de sua metade, descobrimos qual será a lógica disposta por esse curta animado, realizado pela dupla de extensa filmografia à serviço de encomendas privadas e públicas, como é o caso dessa. Trata-se do gradual afastamento dos rapazes (que apenas balbuciam seguidamente uma expressão que deveria ser então bastante popular oh boy) pelas adversidades da floresta, ao estilo O Caso dos Dez Negrinhos, de Agatha Christie, mas sem morte ou crime. E, por entre adversidades mais prosaicas, como o de se pôr os pés em uma água não indicada ou o de um coco cair sobre si, ocorre a infestação de parasitas que provocam a febre tifoide para aquele soldado pouco diligente, que não armou sua rede e resolveu dormir sob o solo. Ou a disenteria provocada por aquele que não efetuou medidas profiláticas em relação ao que come. E igualmente o resultado nada alentador, de seu esquelético corpo, resultado dos efeitos da doença. E ainda o que foi displicente com o repelente aos mosquitos e não tomou quinino preventivo e foi acamado com malária. E, numa inesperada tirada – que provavelmente selaria de vez a restrição desse curta para públicos militares específicos – o último que sai de campo, é vencido pela tentação de uma mulher voluptuosa, e será acamado com as iniciais de doença venérea. O confronto com o inimigo esquecido desde o início do curta será um detalhe secundário aos propósitos em questão da mensagem trazida, portanto lhe sendo reservado tempo minúsculo. |Halas and Batchelor Cartoon Films. 8 minutos e 44 segundos.

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: El Despojo (1960), Antonio Reynoso

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng