Filme do Dia: Romeo e Giuletta (1912), Ugo Falena & Gerolamo Lo Savio

 


Romeo e Giulietta (Itália, 1912). Direção: Ugo Falena & Gerolamo La Savio. Rot. Adaptado: Augusto Genina, baseado na peça de Shakespeare. Com: Gustavo Serena, Francesca Bertini, Ferruccio Garavaglia, Giovanni Pezzinga.

Romeu (Serena) e Julieta (Bertini) se apaixonam perdidamente. Porém, ambos fazem parte de clãs rivais de Verona. O pai de Julieta a promete em casamento, contra sua vontade, para Tebaldo (Garavaglia), sem saber que ela havia casado com Romeu secretamente. Julieta faz uso de um veneno lhe dado pelo sacerdote que os casou em segredo. Dada como morta, seus funerais são realizados com grande pompa. Romeu se aproxima de seu corpo quando todos se afastam e se esfaqueia. Julieta acorda do sono provocado pelo veneno e ao perceber o amado agonizante também se mata.

Antecedida já por várias versões inclusive de nomes célebres do cinema de então como J. Stuart Blackton e Mario Caserini (ambas de 1908), sendo a primeira delas realizada em 1900, essa produção sem dúvida segue preceitos instituídos pelo chamado film d´art francês, algo que pode ser percebido inclusive na denominação de sua companhia produtora, mas ao mesmo tempo é notável testemunho da sofisticação da arte narrativa no cinema em poucos anos. Quando comparada, por exemplo, com outras adaptações anteriores do bardo tais como Noite de Reis (1910), de Charles Kent & Eugene Mulin ou A Tempestade (1908), de Percy Stow, ou mesmo de outras fontes literárias (tais como o Frankenstein de 1910), fica evidente a fluidez com que a narrativa é apresentada, necessitando de poucos entretítulos, todos eles descritivos e não fazendo qualquer alusão direta ao texto do autor. Todas as preocupações se encontram voltadas aqui para a encenação, quesito no qual o filme consegue se sair bastante bem, com a bela utilização de coloração para os trajes, utensílios e prédios retratados, antes subordinados à lógica dramática do que buscando chamar atenção por si sós como nos casos de produções de alguns anos antes, tais como as de Segundo de Chomón ou Zecca. O modo como o filme constrói seu espaço narrativo demonstra uma menor disparidade entre interiores e exteriores e um notável uso de profundidade de foco. Existe, no entanto, bem menos planos próximos tais como os presentes nos filmes contemporâneos de Griffith para a Biograph, sendo um dos poucos e notáveis, o que demarca o primeiro encontro efetivo entre Romeu e Julieta.  Bertini, uma das divas do cinema italiano, já possuía experiências anteriores em adaptações de Shakespeare, tendo vivido, por exemplo, Cordelia em Rei Lear (1910), e Il Mercante de Venezia (1911), ambos de Gerolamo Lo Savio. A bela trilha musical dessa cópia foi composta para o filme.  Film D´Arte Italiana para Pathé Frères. 36 minutos.

 

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