Diretoras de Cinema#1: Alile Sharon Larkin

 

LARKIN, Alile Sharon (1953). Estados Unidos. Nascida em 6 de maio de 1953, Alile Sharon Larkin cresceu em Pesadena, Califórnia. Estudou escrita criativa na sua graduação na University of Southern California e uma pós-gradução em artes em produção de cinema e televisão na University of California - Los Angeles. Enquanto co-fundadora do Black Filmmakers Collective, Larkin é uma realizadora, educadora, ativista e roteirista sem reservas. É ativa como realizadora desde 1979. Soma-se as suas conquistas como diretora, ser uma defensora de uma televisão educativa infantil. Em 1984 dirigiu a produção para tv a cabo "My Dream is to Marry an African Prince" (1984), que demonstrava o quanto os esteréotipos racistas afetam as crianças. Em 1989, Larkin formou a NAP Productions, que produz filmes e vídeos para crianças afro-americanas. 

O filme mais conhecido de Alile Sharon Larkin é A Different Image (1982). Nesse filme, uma jovem chamada Alana, interpretada por Margot Saxton-Federella, tenta escapar das definições estereotipadas de raça e gênero. O retrato do rotitneiro dia-a-dia da Alana de Larkin é lindamente valorizado por sua fotografia naturalista. Enquanto Alana olha imagens de mulheres africanas, pergunta-se onde se encaixa em sua própria cultura. Seu namorado, Vincent, não compreende a busca de Alana por auto-representação e identidade. Alana lhe diz: "Você apenas deve me ver diferente. Você tem que aprender a me respeitar."A Different Image ganhou seu primeiro prêmio da Black American Cinema Society. Tem sido exibido na WNET e também sido exibido como parte de uma mostra itinerante pela África. A Different Image também é frequentemente exibido em cursos de estudos africanos e de mulheres.

Em seu artigo "Mulheres Negras Realizadoras se Definem: Feminismo em Nossa Própria Voz" percebe que A Different Image recebeu, em sua maior parte, críticas positivas mas "alguma crítica negativa adveio de radicais feministas e marxistas (...) sendo sua demanda que eu condenasse os homens negros e me alinhasse com as mulheres brancas contra o patriarcado" (p. 171) Larkin aponta que o "feminismo sucumbe ao racismo quando segrega as mulheres negras dos homens negros e repudia nossa história. A presunção que mulheres negras e brancas compartilham histórias e experiências  idênticas ou similares apresenta um importante problema (...) o feminismo deve se dirigir a tais questões; de outra forma,  sua abordagem ahistórica em relação às mulheres negras pode e vai perpetuar o racismo institucional." (p. 158-9) Em A Different Image, Larkin explora perspectivas múltiplas sobre os problemas do racismo e do sexismo na cultura afro-americana. Traz imagens de uma variedade de fontes diversas, usando tanto imagens de arquivo quanto originais, buscando financiamento para o filme enquanto o realizava. Ela o realizou com apenas 15 mil dólares. Sua filosofia em relação às produções de baixo orçamento é descrita de forma acurada nesses comentários: "Há duas escolas entre os independentes. Espere até conseguir todo o dinheiro, ou filme o que você possa com o que você possui. Eu filmo o que posso com o que possuo." (Acker, p. 131) Em contraste com a maioria dos diretores, que espera que os atores sigam fielmente os roteiros dentro de uma cena determinada, Larkin é uma diretora colaborativa que se aproxima do filme enquanto mediação entre ator e diretor. Em A Different Image, Larkin encoraja os atores a improvisarem seus monólogos, para que o filme adquira um senso de realismo. 

Este senso de realismo é também prevalente no primeiro filme de Larkin, Your Children Come Back to You (1979), contado da perspectiva de uma garota norte-americana que se interessa pela cultura africana. Em uma cena memorável, a jovem conta sua história favorita, sobre õrfãos que retornam a sua mãe, África, representada pelo sol. A perspectiva afrocêntrica do filme é reproduzida de forma evocativa, através da narrativa em voz over da criança. What Color is God? (1986) é uma análise do imaginário cristão, através da perspectiva afrocêntrica e feminista. Miss Fluci Moses (1987) é outro filme de Larkin que explora a narrativo afro-americana. No filme, Larkin documenta a vida de uma poeta negra chamada Louise Jane Moses, que escreveu seu primeiro poema quando criança, e não foi publicada senão após se aposentar de uma longa carreira como professora e bibliotecária. Larkin mesclou cinco entrevistas, imagens de arquivo e leituras de poesias, em uma celebração da recentemente descoberta poeta afro-americana. Miss Fluci Moses e outros filmes de Larkin estão disponíveis em Women Make Movies.

Filmografia Selecionada

Your Children Come Back to You (1979)

A Different Image (1982)

Miss Fluci Moses (1987)

Bibliografia Selecionada

ACKER, Ally. Reel Women: Pìoneers of the Cinema, 1896 to Present. Nova York: Continuum, 1983.
KLOTMAN, Phyllis R. (org.). Screenplays of the African-American Experience. Bloomington: Indiana U Press, 1991. 
LARKIN, Alile Sharon. "Black Women Filmmakers Defining Ourselves: Feminism is Our Own Voice" in Female Spectators: Looking at Film and Television. Organizado por E. Deidre Pribram, pp. 157-73. Londres: Verso, 1988.
TAYLOR, Clyde. "The L.A. Rebellion, New Sprit in American Film." Black Film Review 2.2 (1986): p. 29.
WALLACE, Michele. Invisibility Blues: from Pop to Theory. Nova York: Verso, 1990. 

Texto: FOSTER, Gwendolyn Audrey. Women Film Directors - An International Bio-Critical Dictionary.
Westport/Londres: Greenwood Press, 1995, pp. 217-19.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng

A Thousand Days for Mokhtar