Filme do Dia: Toda a Memória do Mundo (1956), Alain Resnais

 


Toda a Memória do Mundo (Tout la Mémoire du Monde, França, 1956). Direção: Alain Resnais. Rot. Original: Rémo Forlani. Fotografia: Ghislain Cloquet. Música: Maurice Jarre. Montagem: Claudine Merlin, Alain Resnais & Anne Sarraute.

Por mais que exista um teor algo institucional em praticamente todos os curtas que Resnais realizou no período – um deles, menos conhecido e talvez dos mais interessantes, inclusive sendo efetivamente uma obra de encomenda para uma indústria, Le Chant du Styrène – não se pode negar o arrojamento formal dos mesmos, no caso em questão sobretudo em seus primeiros minutos, onde o cotidiano da Bibliotèque Nationale francesa é observado a partir de ângulos inusitados e com direito aos virtuosos travellings por seus corredores que de tão fluentes mais parecem duvidar da existência de um maquinário relativamente pesado que os efetuou. Ou ainda destacando as belas abóbodas do teto da biblioteca e suas estátuas. Passado algum tempo, acaba prevalecendo, no entanto, uma descrição das virtudes profissionais da biblioteca que o narrador assegura ser a mais “moderna do mundo”. Por menos acadêmico e/ou didático que tenha pretendido ser, infelizmente, torna-se de algum modo sendo cooptado pelo caráter descritivo da instituição e, nesse sentido, talvez sendo menos criativo na forma de observar seu tema que um curta da Escola Documental Britânica de produção e tema bem mais modesto como N or Nw (1938), de Len Lye. Filmado em p&b, ao contrário de sua produção imediatamente anterior, Noite e Neblina.  Curiosamente, tanto aqui como nesse último ou em Le Chant du Styrène é o processo de trabalho – de fazer com que o livro chegue ao leitor, de produção de plástico ou de destruição e aproveitamento dos resíduos humanos – que é ressaltado.  Films de la Pleiade. 21 minutos.

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