Filme do Dia: Zorba, o Grego (1964), Michael Cacoyannis
Zorba, o Grego (Zorba, the Greek, EUA/Reino Unido/Grécia, 1964). Direção: Michael
Cacoyannis. Rot. Adaptado: Michael Cacoyannis, baseado em livro de Nikos Kazantzakis.
Fotografia: Walter Lassaly. Mikis Theodorakis. Montagem: Michael Cacoyannis.
Dir. de arte: Vassilis Photopoulos. Com: Anthony Quinn, Alan Bates, Irene
Papas, Lila Kedrova, Sotiris Moustakas, Anna Kiriakou, Eleni Anousaki, Yorgo
Voyagis.
O entediado escritor inglês Basil
(Bates) viaja para Creta, onde pretende reabrir uma antiga mina que é
propriedade de sua família. Ao embarcar encontra um humilde grego que possui
idade de ser seu pai, Zorba (Quinn), que pede para leva-lo junto. Zorba se
envolve com a proprietária da pensão, Madame Hortense (Kedrova), enquanto Basil
apaixona-se por uma jovem viúva (Papas). Ambos os relacionamentos terão fim
trágico. Ao descobrir o caso entre Basil e a jovem viúva, um rapaz da aldeia suicida-se.
A mulher, então, passa a ser vítima da
persguição da aldeia e é assassinada diante de quase todos os seus moradores,
incluindo Zorba e Basil. A frágil e emotiva Madame Hortense, por sua vez,
sucumbirá a uma pneumonia. Dirigindo seus esforços para a construção de um
teleférico que trará minerais do alto de um monte, após muito trabalho é
comemorada a inauguração do sistema, que demonstra ser o maior fiasco e é
destruído em efeito dominó. Basil pede então a Zorba que lhe ensine a dançar.
Depois do sucesso em seu próprio país,
Cacoyannis conseguiu realizar experiências internacionais como essa, a mais
famosa de sua carreira, mas o resultado é ainda mais carregado de
condescendência, sentimentalismo e uma visão profundamente etnocêntrica da
relação entre o inglês e o grego – e, o que é pior, partindo de artistas
gregos, seja o cineasta ou o autor de quem ele adaptou o romance – que seus
filmes anteriores. Retratando um Zorba profundamente patético em sua
infantilidade primitiva para ser realmente digno de qualquer interesse,
contraposto a sisuda intelectualidade despida de alma de Basil, que se
transforma após conhecer Zorba, o filme acaba sendo depositário de todos os
clichês com que comumente são retratadas tais relações. Com suas respectivas
parceiras falecidas, sobra a dupla uma dança final, recurso fácil para
desdenhar das tragédias sentimentais e profissionais vivenciadas em tão pouco
tempo, que apenas realça o subliminar conteúdo homoerótico da relação entre os
dois. Aliás, não há como não destacar a falta de verdadeiro pesar tanto em
Basil como em Zorba, quando suas parceiras falecem. Igualmente digno de nota é
a falta de poder de síntese do cineasta, que retrata passagens do livro que
poderiam ser dispensadas sem prejuízo para o resultado final. A seqüência mais
interessante é a que a viúva se vê acuada pelos habitantes do vilarejo. 20th
Century-Fox/Cacoyannis/Rochley. 142 minutos.
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