Filme: Decasia (2002), Bill Morrison

 


Decasia (EUA, 2002). Direção, Rot. Original e Montage: Bill Morrison. Música: Michael Gordon.

Ao contrário de produções como Nitrato Lírico, que louvam a preservação da célebre coleção Jean Desmett dos idos do século XX, aqui praticamente se estabelece uma reconfiguração para sentidos bem outros de filmes em nitrato de toda espécie em estado de deterioração avançada. Por vezes ocorre um casamento entre a destruição que se observa nas imagens como a de uma casa devorada pelas chamas coincidirem com a similar destruição da própria película pelo tempo. Noutro não menos inspirados, os para-quedistas que pulam de aviões passam a ser com outras escoriações da película, não mais que algumas das manchas observadas. Nos piores, infelizmente nem sempre tão raros, parece-se apenas se assistir a uma espécie de clipe interminável de uma banda de heavy metal com um cantor ensandecido a gritar. Ou ainda abstrações dignas de um filme de Stan Brakhage, só que em preto & branco. Curiosamente finda com imagens em silêncio que incluem um lírico por do sol, um filme oriental e as mesmas imagens do homem que rodopia em trajes árabes ao início. Dentre os filmes que possuem trechos apresentados se encontram The Mind Cure (1912), de Phillips Smalley, The Last Egyptian (1914), de J. Farrell Macdonald, The Man Who Could Not Sleep (1915), de John H. Collins, Apóstolo Moderno (1917), de Willian S. Hart, Father’s Close Shave (1920), de Reggie Morris, A Tokyo Siren (1920), de Norman Dawn, Peace and Quiet (1921), de Eddie Lyons e The Bells (1926), além de uma infinidade de imagens não ficcionais, sendo a escolha de obras longe de canônicas fundamental para sua empreitada de ressignificação das mesmas com menor resistência. Também volta em mais de um momento a imagem da manipulação de negativos em banho químico.  Aparentemente existe uma versão 13 minutos mais longa. Morrison atua sempre em campo similar, como o seu Just Ancient Loops, de 2012. National Film Registry em 2013. 57 minutos.

 

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