Filme do Dia: Lady Macbeth (2016), William Oldroyd
Lady Macbeth (Reino Unido, 2016).
Direção: William Oldroyd. Rot. Adaptado: Alice Birch, a partir de Lady Macbeth of Mtsensk, de Nikolai
Leskov. Fotografia: Ari Wegner. Música: Dan Jones. Montagem: Nick Emerson. Dir.
de arte: Jacqueline Abrahams & Thalia Ecclestone. Figurinos: Holly
Waddington. Com: Florence Pugh, Cosmo Jarvis, Paul Hilton, Naomi Ackie,
Christopher Fairbank, Golda Rosheuvel, Anton Palmer, Rebecca Manley.
Na Inglaterra
rural do século XIX, Katherine (Pugh) é um dos itens comprados pelo seu sogro,
Boris (Fairbank) ao filho e agora esposo de Katherine, Alexander (Hilton), que
a trata apenas como objeto para seu
prazer visual, masturbando-se com ela despida. Quando ambos se ausentam da
propriedade, Katherine flagra um ritual de humilhação dos empregados da fazenda
a sua serviçal pessoal, Anna (Ackie). Ela ordena que todos parem, mas ao mesmo
tempo se insinua para um dos homens, Sebastian (Jarvis). Esse posteriromente
passa a segui-la e invade seu quarto, tornando-se amantes. Com o retorno de
Boris e a descoberta, em pouco tempo, do caso de Katherine, esse se indispõe
com a nora, que o envenena com cogumelos, impedindo que Anna vá buscar ajuda
até deixar de escutar ruídos no quarto. Quando Alexander retorna à propriedade,
e põe Anna contra a parede, ela simplesmente saca o amante Sebastian do quarto
vizinho e simula sexo diante do marido, sendo estapeada pelo mesmo. Em luta
aguerrida com Sebastian, Alexander é morto por Katherine, sendo seu corpo
enterrado por Sebastian. A cada crime, no entanto, Sebastian se mantém mais
distante da amante e quando chega Agnes (Rosheuvel), avó do pequeno Teddy,
filho ilegítimo de Alexander, Katherine se sente impotente. Embora afeiçoada ao
garoto e esse ainda muito mais a ela, ao mesmo tempo Teddy significa o
impedimento da continuidade do amor do casal.
A estrutura de
pretenso choque, que o filme apresenta desde os seu primórdios, é igualmente
desde o princípio prejudicada, com interpretações pífias, sobretudo da dupla
principal, que mais parece uma fala e de uma elaboração dramática previsível e
nada envolvente. Como resultado, e ao contrário de filmes com temática
similares, tal como Liberdade de Bremer (1974), de Fasssbinder, fica-se com uma saída de relativo empoderamento, às
custas de três mortes que, fosse realizado por alguém com mais tino, também
serviriam para ir além da situação retratada aqui. E a própria previsibilidade
deixaria de ser um peso certamente outra fosse a postura adotada em relação à
história. A Katherine de Pugh e o
Sebastian de Jarvis falam e gesticulam como os jovens do momento em que
esse filme foi produzido, soando patético e mesmo involuntariamente cômica a
cena da morte de Alexander. Enquanto produção contemporânea que também dialoga
com demandas e espelhamentos contemporâneos, O Estranho Que Nós Amamos é de longe mais interessante. E o
impetuoso Sebastian rapidamente não passa a ser mais que uma espécie de amante
de estimação de madame, sendo a relação dos dois apresentada sem tampouco nada
de especial. Não faltam, como na produção dirigida por Sofia Coppola e acima
referida, uma cena em que se faz menção ao clássico ...E O Vento Levou, a do célebre e espartano espartilho nas mãos da
criada. A forte impressão que se fica é a que o encantamento aparente pela
história fez com que se jogasse todas as fichas dessa produção no pretenso
impacto do que é narrado, mais que numa tentativa de adensar as personagens
retratadas, que ao menos aqui surgem como tipos bem pouco aprofundados. O conto
de Leskov já havia sido fonte de inspiração para vários realizadores,
notadamente Wajda em 1962, com sua Lady Macbeth
Siberiana e Katerina Izmailova,
produção soviética de 1927. Longa de estreia do realizador. Sixty Six
Pictures/BBC Films/BFI/Creative England/iFeatures. 89 minutos.
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