Filme do Dia: Le Mans 1955 (2018), Quentin Bailleux

 


Le Mans 1955 (França, 2018). Direção: Quentin Bailleux. Rot. Original: Julien Lilti. Música: Ali Helnwein. Montagem: Benjamin Massoubre.

Na célebre prova de Le Mans de 1955, em meio de todas as tensões que habitualmente ocorrem em provas do tipo, um acidente vem a provocar dezenas de vítimas. O turrão chefe da escuderia Mercedes, John Fitch, após ter hesitado inicialmente, decide que a equipe abandonará a prova, depois de um acidente que provocou dezenas de vítimas e um incêndio no circuito. E, inacreditavelmente, a prova não foi suspensa apesar disso.

Bailleux trilha um caminho pouco comum em animações de curta-metragem. A escolha por um tema adulto, com traços eminentemente realistas, alguns deles mesmo colados em imagens históricas do episódio (tido como o mais célebre acidente da história do automobilismo, com 80 vítimas, como nos faz lembrar os letreiros ao final), além do uso de idiomas segundo as nacionalidades em questão dos envolvidos, já é uma surpresa, tendo em vista que habitualmente a mesma se encontra – ao menos com maior facilidade de acesso – ao formato longo. Depois, e ainda mais surpreendentemente, ao deixar de lado o potencial sensacionalismo da opção enfrentada, descolando-se tanto da tentação de representação de trechos maiores da corrida – essa não é visualizada, em plena competição, não mais que em diminuta metragem do curta como todo – quanto, e ainda mais corajosamente, abdicando de explorar o evento catastrófico em si, no que teria de apelo mórbido-imagético, até hoje atrativo para milhões que observam as imagens do acidente pela internet e decidindo, ao contrário, centrar-se no drama moral vivenciado por Fitch, que retira sua equipe após a morte de um de seus pilotos, porque, em suas palavras, “nós somos pilotos, não monstros.” Ausência que somente voltaria a ser ocupada 43 anos após, segundo uma vez mais os comentários que antecedem os créditos finais. Eddy Prod./De Films Em Aiguille. 15 minutos e 15 segundos.

 

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