Filme do Dia: O Homem nas Trevas (2016), Fede Alvarez

 


O Homem nas Trevas (Don’t Breathe, EUA, 2016). Direção: Fede Alvarez. Rot. Original: Rodo Sayagues & Fede Alvarez. Fotografia: Pedro Luque. Música: Roque Baños. Montagem: Eric L. Beason, Louise Ford & Gardner Gould. Dir. de arte: Naaman Marshall, Adrian Asztalos & Eric Donaldson. Cenografia: Zsuzsa Mihalek. Figurinos: Carlos Rosario. Com: Stephen Lang, Jane Levy, Dylan Minnette, Daniel Zovatto, Emma Bercovici, Franciska Töröcsik, Christian Zagia, Katia Bokor.

Rocky (Levy), Alex (Minnette) e Money (Zovatto), acostumados a pequenos furtos em residência são agora tentados ao grande roubo de suas vidas. Segundo Money um veterano do Vietnã provavelmente guarda uma pequena fortuna de indenização que recebeu pela morte por atropelamento de sua filha. Inicialmente não concordando com a ação, Alex, muda de opinião. Eles vão investigar e descobrem que o homem (Lang), além de cego, vive nas cercanias de uma área residencial de Detroit completamente abandonada. O trio não fica intimidado com o raivoso cão do homem. Sem grande dificuldade os três invadem a moradia do homem. Porém logo descobrirão que a empreitada não será nem de longe tão fácil quanto imaginavam e, inclusive, que o homem mantém como cativa a mulher que matou sua filha, Cindy (Töröcsik).

Se esse filme certamente se aproximaria de forma mais realista de uma ação violenta a ocorrer em uma residência que filmes referenciais que trabalhavam igualmente com a lógica do cativeiro de personagens em ambientes domésticos (Horas de Desespero, Armadilha do Destino), substitui-se a dimensão psicológica e de comentário social que poderia haver nessas produções, assim como em referência ao próprio espetáculo voyeurístico de consumo da violência pelo espectador (como, numa dimensão temporalmente mais próxima dessa produção, Violência Gratuita, ou nem tanto – como é o caso de Janela Indiscreta) pelo simples efeito sinestésico e numa lógica nada dissimular dos videogames, observar-se quem conseguirá ou não se safar da empreitada. É pouco, e esse pouco ainda se torna mais rarefeito e comprometido com atuações não mais que canhestras e um roteiro cheio de elementos demasiado previsíveis – que Alex acabará concordando com os outros dois, ou não se terá filme, que o veterano do Vietnã (numa alusão que sacrifica qualquer dimensão ética em relação aos milhares de combatentes pelo estereótipo a serviço do espetáculo mais reles) se antecipa como um monstro e que Rocky será quem subtituirá  Cindy após a morte dessa. E a forma como Rocky será inseminada, tal como Cindy o fora, em tempos de politicamente correto que não admite o estupro, é tão hipocritamente patética quanto os esgares de terror da dupla Rocky e Alex e fica à altura do insondável título brasileiro. A determinado momento, o filme parece enveredar pelo sobrenatural, numa cena algo evocativa de Georges Franju, mas logo se perceberá que se trata de uma personagem ainda não observada, Cindy. Alvarez, nascido no Uruguai, onde realizou alguns curtas, estreou no longa já nos Estados Unidos e sua equipe técnica é dominada por nomes hispânicos, embora haja igualmente uma curiosa presença de técnicos e no elenco de nomes provenientes do Leste Europeu, sendo que o elenco principal é evidentemente de perfil mais tradicionalmente associado ao americano típico. Screen Gems/Stage 6 Films/Ghost House Pictures/Blind Man Prod./Good Universe para Screen Gems. 88 minutos.

 

 

 

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