Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#10: Adrián Caetano

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Adrian Caetano (Uruguai/Argentina, 1969)

Um dos mais bem sucedidos diretores do "novo" cinema argentino do final dos anos 90 e 2000, (Israel) Adrián Caetano co-dirigiu o divisor de águas Pizza, Birra y Faso [Pizza, Cerveja, Cigarro, 1997], com Bruno Stagnaro. Nascido em Montevideu, mudou-se para a província de Córdoba, Argentina, quando adolescente. Estudou cinema em Barcelona e realizou seu primeiro curta em 1992, Visite Carlos Paz. Após dirigir mais dois curtas, mudou-se para Buenos Aires e teve apoio de uma bolsa do Instituto Nacional de Cine e Artes Audiovisuales (INCAA) para realizar Cuesta Abajo (1995), que foi incluído na primeira antologia do instituto, Historias Breves. Em 1996, Caetano e Bruno Stagnaro receberam a doação de 187, 500 dólares para um telefilme do INCAA para realizarem seu primeiro longa, Pizza, Cerveja, Cigarro. Antes de realizá-lo, Caetano continou a receber subvenções, incluindo uma da Fundação Rockefeller (Nova York) e outra da Fundación Antoras, que lhe permitiram realizar o média-metragem La Expresión del Deseo. Dois dos atores (Héctor Anglada e Jorge Sesán) em La Expresión e seus jovens personagens marginalizados aparecem em Pizza, Cerveja, Cigarro. Público e crítica saudaram juntos a honestidade desse extraordinário filme sobre jovens cometendo pequenos roubos nas ruas de Buenos Aires. Ele ganharia numerosos prêmios no Festival Internacional de Cine de Mar del Plata, Festival de Fribourg (Suiça) e Festival de Cinema de Gramado (Brasil) em 1998, enquanto Caetano e Staganaro compartilharam os prêmios Condor de Prata de roteiro e primeira direção, dos críticos argentinos, em 1999.

Fundos concedidos permitiram Caetano a trabalhar no roteiro de seu primeiro longa solo, Bolivia, ainda que tenha levado três anos de descontinuidades nas filmagens para terminá-lo (incluindo um intervalo de dois anos envolvendo um processo judicial). Essa obra ainda mais cinzenta de prosaico, realismo, com fotografia predominantemente em preto&branco e personagens mais marginalizados que os de Pizza, Cerveja, Cigarros - segue a saga de um imigrante boliviano chamado Freddy, que luta para ser cozinheiro em um subúrbio operário de Buenos Aires. Os frequentadores habituais do café onde trabalha incluem dois taxistas que exibem sua violenta xenofobia contra ele, quando bêbados. Nesses três filmes, quase todos os atores de Caetano são não-profissionais; por exemplo, Freddy foi interpretado por um boliviano estudante de drama, Freddy Flores. Premiado em Cannes com o prêmio dos jovens críticos, Bolivia acumulou prêmios em outros festivais, incluindo o FIPRESCI do Festival Internacional de Londres, e prêmios em San Sebastián, Rotterdã e Bratislava (ambos em 2002). Foi lançado na Argentina, Espanha, Estados Unidos, Reino Unido e, eventualmente, França.

Após ganhar a competição do INCAA para adaptar uma famosa obra literária argentina, Caetano teve a oportunidade de dirigir um curta para a televisão, La Cautiva, baseado em peça de Esteban Echeverría. Seu filme seguinte, uma co-produção internacional com a Espanha e a França, também foi seu primeiro longa profissional, Un Oso Rojo (2002), um thriller de vingança relativamente convencional, apesar de realista,  produzido por Lita Stantic. Ganharia três prêmios no Festival Internacional del Nuevo Cine Latino de Havana e o Condor de Prata de melhor ator para Julio Chávez em 2003. Trabalharia então em duas séries de TV argentinas. Por fim, retornaria ao Uruguai para dirigir uma série de TV grandemente considerada, em doze episódios, Uruguayos Campeones (2004), sobre um empobrecido time de futebol lutando para sobreviver. Caetano continuou prolífico, contribuindo para a antologia 18-J (2004) sobre o atentado contra o prédio da Associação Mútua Israel-Argentina, que matou 86 e feriu outros 300 em 1994. E dirigiu outros três longas, Después del Mar (2005), Crónica de una Fuga, [Crônica de uma Fuga, 2006), também conhecido como Buenos Aires 1977, e um documentário, Sangre Roja, 100 Años de Gloria (2005), em dois anos.

Buenos Aires 1977 mistura história política com um thriller de ação: um jogador de futebol falsamente acusado de revolucionário, é sequestrado pelos militares, depois do que, eles e seus companheiros detentos tentam escapar da prisão. Talvez seja o mais bem sucedido filme de Caetano. Após um lançamento popular na Argentina, estreou internacioinalmente em competição oficial em Cannes e, em 2007, ganhou três Condor de Prata e 11 indicações. Buenos Aires, 1977 foi lançado nos Estados Unidos, México, França, Itália, Reino Unido e muitos outros países. Caetano, desde então, dirigiu um filme para a TV e dois outros longas para cinema, Francia, lançado no Festival Internacional de Cinema de Veneza, e Mala (2013).

Texto: RIST, Peter H. The Historical Dictionary of  South American Film. Plymouth: Rowman & Littlefield, 2014, pp. 112-4.

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