Filme do Dia: O Livro de Cabeceira (1996), Peter Greenaway
O Livro de Cabeceira (The Pillow Book, Reino
Unido/França/Holanda, 1996). Direção: Peter Greenaway. Rot. Original: Peter Greenaway. Fotografia: Sacha Vierny.
Montagem: Peter Greenaway & Chris
Wyatt. Com: Vivian Wu, Yoshi Oida Publisher, Ken Ogata,
Hideko Yoshida, Ewan
McGregor, Judy Ongg, Ken Mitsuishi, Yutaka Honda, Barbara Lott, Miwako Kawai, Wichert Dromkert, Martin Tukker, Wu Wei, Tom Kane,
Kheim Lam, Daishi Hori, Kinya Tsuruyama, Eiichi Tanaka, Rick Waney,
Masaru Matsuda, Wataru
Murofushi.
Garota japonesa Nagiko
desde pequena é admiradora compulsiva de livros que são escritos sobre a pele
humana. Vários calígrafos escrevem sobre sua pele. Essa tradição foi herdade dos
pais. Seus sonhos se realizam quando ela conhece Jerome (McGregor), que inverte
a situação. Calígrafo medíocre, cede seu corpo para que Nagiko escreva seus
livros. Nagiko envia seu livro - Jerome - para o editor mais renomado nessa
arte (Oida), que também é amante de Jerome. Apesar de viver uma relação amorosa
intensa com Jerome, Nagiko não pretende continuar a escrever em seu corpo. Este
a procura desesperado, mas ela não escuta suas súplicas. Jerome se suicida e
Nagiko, plena de remorsos, escreve um novo livro em sua pele, o Livro do
Amante. Ao todo são doze livros que completam sua obra. Nagiko se utilizará dos
tipos mais diversos para completa-la. No último deles, ela vinga seu pai, a
quem o editor havia provocado a morte, enviando-lhe o Livro da Morte
(Murofushi), que assassina-o. Esperando um filho de Jerome, Nagiko pretende
agora dar um novo rumo a sua vida, embora seu corpo ainda sirva como prática da
caligrafia.
Utilizando-se de suas
habituais artimanhas, como um apuro estético aliado à originalidade temática
poucas vezes igualável no cinema contemporâneo, Greenaway consegue realizar um
cinema inovador e idiossincrático dentro do cenário em que veio a luz.
Utilizando-se de imagens dentro de imagens, a todo momento, lidando com a tela
dividida e imagens em HDTV, como já fizera em Os Livros de Próspero (1990), consegue agrupar diversas linhas
narrativas e temporais simultaneamente. Como que desvelando o real interior da
consciência, muito menos fixada somente ao espaço-tempo da ação presente do que
pensamos. Outro recurso que se tornou sua marca registrada é seu interesse em
narrativas que se fragmentam em micro-narrativas, através de séries as mais diversificadas
que sejam: sejam outra vez livros como em Os
Livros de Próspero; números em O Bebê Santo de Macon (1993) e Um Z e dois Zéros, etc. Por outro lado, o que
acaba indo de encontro as pretensões do cineasta é a presença de um elenco
irregular e uma certa “infantilidade” e “artificialidade” pós-modernas que, em
seus piores momentos, evocam a atmosfera de filmes como Até o Fim do Mundo (1990) de Wim Wenders. Como em muitos outros de
seus filmes, novamente aqui é explorada de forma pouco comum a nudez masculina.
Channel Four Films / Eurimages fund of the Council of Europe/ Le Studio Canal+ / Nederlands Fonds voor de
Film / Woodline Films/ Delux Productions / Alpha Films / Kasander & Wigman
Productions. 120 minutos
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