Filme do Dia: O Homem Que Plantava Árvores (1987), Frédérick Back


O Homem Que Plantava Árvores (L’Homme Qui Platait des Arbres, Canadá, 1987). Direção: Frédérick Back. Rot. Original: Jean Giono. Música: Normand Roger. Montagem: Norbert Pickering.
Na década de 1910, jovem passeia por região desértica francesa e não encontra sequer água por mais de um dia. As vilas que passa pelo caminho estão semi-abandonadas, quando não completamente fantasmas. É uma região lúgubre e deserta. Em meio ao deserto, o jovem observa um vulto que bem poderia ser um tronco. Trata-se de um pastor de ovelhas. O garoto observa que o homem tem como hábito plantar diariamente sementes de carvalhos. Das 40 mil plantadas ao menos 10 mil vingarão. A primeira guerra chega. O garoto serve no exército. Finda a guerra, quando retorna à região, encontra-a diferenciada, mais verde, agradável, reencontra o homem fazendo a mesma atividade. O governo agora adota a proteção ao bosque. Só que se desfez de seu rebanho de ovelhas, pois interfere nas suas plantações, e agora é apicultor. Advém a Segunda Guerra. A atividade do homem persiste. Quando visita o local após o fim da guerra, o homem que fora garoto um dia, já maduro, observa que agora para lá se chega de ônibus e que existem verdadeiras pequenas comunidades que ocuparam o local onde um dia não viverm pouco mais que umas poucas almas, brigando estrepitosamente por seus recursos naturais. E tudo isso se deve ao espírito resistente de um único homem.
Filme que pretende ser uma espécie de alegoria sobre uma possibiidade de vida iluminada, desinteressada e de preocupações com o coletivo, apesar de, paradoxalmente, ser gestada de um homem extremamente solitário e que, como afirma o narrador, a determinado momento, perdeu sua mulher e criança antes de se tornar um ermitão. Embora o conhecimento desse fato biográfico possa sugerir a explicação psicológica necessária para o comportamento do homem, um tanto desnecessária, a bem da verdade, não chega a comprometer, pois o filme não lida com diálogos, e sim com a voz de seu narrador (efetuada por Philippe Noiret) e uma trilha musical que procura dialogar com sua proposta. Sobre a intervenção para retirada da madeira a partir da melhoria dos acessos ao local não há mais que um breve comentário, não mais que uma nota de rodapé que não mancha o verdadeiro paraíso conseguido pelo velho agricultor sem qualquer educação formal. Por mais poética e bela que seja sua mensagem, de uma verve quase espiritualmente religiosa, trata-se, em última instância, de algo conservadoramente centrada nos impulsos individuais, já que o Estado aparece mais enquanto possível ameaça ao projeto, com seus políticos demagogos a proclamarem discursos vazios. Não parece tampouco ter sido uma prática da qual se tenha gestado continuadores de sua obra, alguém com o mesmo espírito ou pelo menos aproximado de entrega sem retorno aparente financeiro. Vencedor do Festival de Annecy e do Oscar da categoria. CBC/NFB/Société Radio-Canada. 30 minutos.

Comentários

  1. Grande recomendação! Beleza plástica fabulosa, além de um panorama de duas vidas de forma sensível. Agradeço pelo texto!

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  2. Obrigado pelos comentários simpáticos, Lucas. apareça sempre!

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