Filme do Dia: Conto de Outono (1998), Eric Rohmer

Conto de Outono - 23 de Novembro de 1998 | Filmow
Conto de Outono (Conte d’Automne, França, 1998). Direção e Rot. Original: Eric Rohmer. Fotografia: Diane Baratier. Música: Claude Marti, Gerard Pansanel, Pierre Peyras & Antonello Salis. Montagem: Mary Stephen. Dir. de arte: Claire Champion. Com: Marie Rivière, Béatrice Romand, Alain Libolt, Didier Sandre, Alexia Portal, Stéphane Darmon, Aurélia Alcaïs, Matthieu Davette, Yves Alcaïs.
Isabelle (Rivière), é uma vendedora de livros que começa a preocupar-se com a solidão de sua amiga, a viticultora Magali (Romand), que vive isolada no campo, no Sudeste da França. A namorada do filho de Magali, Rosine (Portal), também passa a ter a mesma preocupação, após conhecê-la. Planeja então apresentar o amante filósofo Étienne (Sandre) à Magali. Isabelle, por sua vez, põe um anúncio no jornal, como se ela fosse a interessada. Surge um respeitável homem de meia-idade, Gérald (Libolt). Rosine, conta tudo ao namorado Leo (Darmon) que, embora tenha ficado enfurecido de início, passa a concordar que tal ato demonstra a falta de interesse da namorada pelo seu ex-professor. Após três encontros, Isabelle revela tudo a Gérald que também, inicialmente surpreso, reage positivamente. Isabelle marca então a festa de casamento de sua filha, Emilia (Alcaïs), como o momento para o encontro “casual”entre Gérald e Magali. Na festa de casamento, Magali se interessa imediatamente por Gérald, porém logo desconfia tratar-se de um arranjo da amiga. Posteriormente fica desconfiada que a própria Isabelle possua uma relação com Gérald. A confusão, no entanto, é desfeita e os dois marcam um encontro no futuro, enquanto Isabelle retorna para a festa da filha.
Esse que foi o último filme da tetralogia dos “contos das estações” de Rohmer, mesmo não possuindo a mesma verve e brilhantismo do Conto de Inverno, apresenta as mesmas características que tornam a obra do cineasta profundamente marcada por um caráter autoral: sua obsessão pelas teias de relacionamento que se formam e a forma ascética que se propõe apresenta-los, abrindo mão de recursos como trilha sonora e enfatizando uma direção de atores que prescinde de interpretações grandiloqüentes. Pelo contrário, tanto os temas quanto suas representações são extremamente comedidos, para não dizer banais. E é justamente dessa banalidade dos sentimentos básicos e dos jogos e artimanhas que os indivíduos traçam para efetivarem seus desejos que Rohmer extrai a seiva de suas charmosas e profundamente humanas narrativas. O humor e uma sutil ironia, em doses igualmente comedidas, faz-se  presente ao longo da trama, sem que o cineasta demonstre nunca ser paternalisticamente sentimental ou cinicamente detrator das fraquezas de seus personagens, como na bela seqüência em que Isabelle, ainda sem ter certeza sobre quem seria Gérald, trafega insegura pelas mesas de um restaurante. La Sept Cinema/Les Films du Losange/Rhône-Alpes Cinema/Sofadinko. 112 minutos. 

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