Filme do Dia: Folhas Mortas (1956), Robert Aldrich


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Folhas Mortas (Autumn Leaves, EUA, 1956). Direção: Robert Aldrich. Rot. Original: Jean Rouverol, Hugo Butler, Lewis Meltzer & Robert Blees. Fotografia: Charles Lang. Música: Hans J. Salter. Montagem: Michael Luciano. Dir. de arte: William Glasgow. Cenografia: Eli Benneche. Figurinos: Jean-Louis. Com: Joan Crawford, Cliff Robertson, Vera Miles, Lorne Green, Ruth Donnelly, Shepperd Strudwick, Selmer Jackson, Marjorie Bennett,  Maxine Cooper, Maurice Manson.
A solitária Millicent “Milly” Wetherby vai a um recital de piano que lhe traz à memória uma dolorosa passagem de sua existência, quando tendo de cuidar de seu pai (Jackson) negligenciaria um futuro proponente para marido. Ela janta após o espetáculo e lá conhece o incomum Burt Hanson (Robertson), que lhe provoca grande impacto desde o primeiro encontro. Milly fica dividida entre o amor que sente por Burt e o fato dele ser bem mais jovem que ela. Decide se afastar dele, mas após um mês ele retorna e surge repentinamente em sua casa, que havia deixado destrancada. Eles se casam pouco tempo depois. Porém aos excessivos mimos que ele lhe traz, surge seguidamente Virginia (Miles), que diz ainda ser oficialmente casada com ele e buscando que ele assine os papéis do divórcio e o pai de Burt (Green), que o acusa de ser um mentiroso compulsivo e envolvido em pequenos roubos. Atormentada com as novidades, Milly testemunhará que Virgnia se relaciona atualmente com o pai de Burt e que esse, como ficará patente na agressão que fará contra ela, possui sérios distúrbios psiquiátricos. Ela busca ajuda do Dr. Couzzens (Strudwick) que interna Burt em uma instituição por alguns meses.
Aldrich provavelmente só tinha como competidor em termos de realizar filmes que desafiavam sistematicamente os princípios morais instituídos pelo Código Hays mais de duas décadas antes, Otto Preminger. Porém, ainda mais que Preminger, Aldrich parece ter um verdadeiro prazer em expor ambientes e situações sórdidas. Enquanto Sirk entabula na linha da identificação dramática com o romance vivido entre uma viúva e um homem mais jovem no contemporâneo Tudo Que o Céu Permite, Aldrich prefere trabalhar com a ambiguidade de seu personagem, deixando sempre em suspenso o caráter do mesmo, no primeiro papel de destaque no cinema do então jovem promissor Robertson. E o faz sem esconder a evidente diferença de idade do par central, algo amenizada no filme de Sirk por ter escalado atores que, na verdade, possuíam apenas 7 anos de diferença. Aos 44 minutos de filme um trinado mais estridente de sua trilha sonora chama a atenção para as primeiras contradições no discurso de Burt emergirem. Porém uma nova reviravolta se seguirá, com Crawford evidenciando sua persona cinematográfica vinculada a mulheres que sofrem intensamente por suas opções amorosas e cuja aparente estabilidade mal conseguem esconder fragilidades profundas. No plano visual parece ficar evidente que a atriz deveria manter sob contrato a forma como era iluminada, com nuances de luz modulando seu rosto e destacando, evidentemente, seus olhos, algo presente em diversos de seus filmes do período. Pelo inusitado de sua proposta e aberta provocação à moralidade de então, essa produção pode ser vista como antecipando o de hoje de longe mais lembrado, O Que Terá Acontecido a Baby Jane? (1962) do mesmo realizador. O jovem psicótico vivido por Robertson parece antecipar incursões mais profundas em personagens similares na década seguinte em filmes como David e Lisa  (1962), de Frank Perry, ou Lilith (1964), de Robert Rossen. O título original certamente pretendia capitalizar em cima do então estrondoso sucesso de uma canção que se tornaria standard sobretudo do jazz na voz de Nat King Cole. Apresenta um trecho do curta animado Grizzly Golfer da série Magoo, que o casal assiste no cinema.  William Goetz Prod. para Columbia Pictures. 107 minutos.

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