Filme do Dia: Paixão Selvagem (1976), Serge Gainsbourg
Paixão Selvagem (Je T'Aime Moi Non Plus, França, 1976)
Direção: Serge Gainsbourg. Fotografia: Willy Kurant. Música: Serge Gainsbourgh.
Montagem: Kenault Peltier. Com: Jane Birkin, Joe Dallessandro, Hughes Quester,
Reinhard Kolldehoff, Gerard Depardieu, Michel Blanc.
Caminhoneiros
transportadores de lixo homossexuais têm sua relação ameaçada quando um deles,
Krasky (D'Alessandro) apaixona-se por uma garota que trabalha em uma espelunca
de beira de estrada, onde é empregada do flatulento e irritadiço Boris
(Kolldehoff), possui um visual andrógino e é conhecida como Johnny (Birkin).
Após falhar no ato sexual ortodoxo, Krasky inicia diversas relações de sexo
anal que são frustradas com a gritaria da garota e a expulsão dos motéis. Após
um dia de prazer completo, e finalmente terem conseguido realizar o ato sexual,
Johnny torna-se quase vítima de assassinato por parte do companheiro de seu
parceiro, Padovan (Quester), que quase a sufoca no banho. Inconformada com a
reação branda de Krasky com seu companheiro, chama-o de bicha. Krasky parte com
Padovan, deixando-a entregue a sua própria sorte, nua e solitária.
Apesar dos
defeitos que não são poucos - a interpretação sofrível e a falta de
expressividade do ícone das produções underground
de Warhol, Dallessandro, a excessiva gratuidade do tipo para chocar burguês
conservador - não deixa de ter seus méritos como elaboradas angulações e
trabalho de câmera de grande efeito cinematográfico,além de composições de cena
de forte expressividade pictórica - como Birkin nua após a tentativa de
assassinato ao lado de um telefone público - e, pelo menos, uma sequência
inesquecível - a do strip-tease e
subsequente dança do casal ao som da canção-título. Forçado ou não, são de
provocações do gênero que o cinema de tempos depois sente falta, mas próximo de
tratar a sexualidade moderna cada vez mais com frases de efeito, neuroses e
menos ousadia (vide Confissões na Noite)
ou simplesmente ignorá-la nas produções em série "made in Hollywood".
Nesse ponto, a incursão sem preconceitos no bas-fond
possui o seu charme e Dallessandro não está muito longe da verdade quando
afirma para Birkin que poucos casais conseguem esse amor absolutamente carnal
que eles desfrutam. No cinema, pelo menos, cada vez menos. Président Films/Renn
Productions. 90 minutos.
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