Filme do Dia: Lincoln (2012), Steven Spielberg


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Lincoln (EUA, 2012). Direção: Steven Spielberg. Rot. Adaptado: Tony Kushner, a partir do livro Team of Rivals: The Political Genius of Abrahan Lincoln, de Doris Kearns Goodwin. Fotografia: Janusz Kaminski. Música: John Williams. Montagem: Michael Kahn. Dir. de arte: Rick Carter, Curt Beech, David Crank & Leslie MacDonald. Cenografia: Jim Erickson & Charles Maloy. Figurinos: Joanna Johnston. Com: Daniel Day-Lewis, Sally Field, David Strathairm, Joseph Gordon-Levitt, James Spader, Tommy Lee Jones, Hal Holbrook, Gloria Reuben.
1865. A Guerra Civil Americana já demonstra sinais de evidente desgaste junto à sociedade, Abrahan Lincoln (Day-Lewis) movimenta toda a sua energia para fazer com que a décima terceira emenda venha a banir a escravidão do território norte-americano.  Lincoln luta contra o tempo, já que um acordo entre as forças do norte e do sul, acabará fazendo com que o último, reintegrado, vote contrário à emenda, por conta de sua economia grandemente dependente da mão-de-obra escrava. Pressionado por seu secretário de estado William Seward (Strathairm) por um lado, que acha que a postura de Lincoln é um verdadeiro suicídio político e pela mulher, Mary (Field), que não esquece a morte de um filho do casal, assim como faz o possível para que outro filho (Gordon-Levitt) seu parta para a guerra, Lincoln se vê preso ao dilema entre o armistício que decrete o final da guerra e a declaração do fim da escravidão.
Tediosa e grandiloquente visão histórica de Lincoln, que há tempos não tinha uma versão cinematográfica digna de ser referida (sendo A Mocidade de Lincoln e O Libertador, produzidos em 1939 e 1940 respectivamente talvez algumas das mais célebres, assim como o filme de Griffith produzido em 1930). Ao menos se pode admitir que Spielberg utiliza um estilo mais consequente e igualmente empolado para a sua narrativa que representações contemporâneas envolvendo a história norte-americana, mesmo que de um fato bem mais isolado, que se travestem de uma linguagem visual dinâmica e pretensamente mais bem humorada para acobertar uma postura igual ou ainda mais conservadora (a exemplo de Argo). Uma terceira opção de abordagem histórica, talvez menos cansativa, mas nem por isso exatamente original, é a que incorpora assumidamente um diálogo com a linguagem cinematográfica, seus gêneros, tradições e cacoetes e os assume como mais vitais que a quase histérica – e extremamente cansativa – sede de autenticidade visual que os filmes de Spielberg ou Affleck buscam. Trata-se da apresentada por Tarantino (em Django Livre). Aqui se é entorpecido seja pelos requintes visuais de traduzir com maior verossimilitude o efeito da luz de candelabros a vela à noite (numa estratégia evocativa do virtuoso efeito de iluminação conseguido em Barry Lyndon, mesmo que longe de um resultado plástico verdadeiramente interessante como naquele), pela mistura mimética de Day-Lewis como o presidente ou pela previsível e arrastada trilha musical de Williams, para não falar de uma dependência excessiva dos verborrágicos diálogos. Na redoma de “seriedade” ao qual o filme se impõe, os chistes e a espirituosidade pela qual seu protagonista era conhecido soam quase perversas de tão anêmicas e pouco espontâneas. Tudo se torna demasiado empostado, solene, mesmo quando tenta se afastar desse registro; ou seja, até mesmo os chistes se tornam demasiado graves. Pode-se acrescentar o comentário irônico dos opositores de Lincoln que seu discurso defendendo os valores democráticos não passa de uma retórica que mal consegue acobertar o suborno e as pressões para que os representantes votem com a emenda. Porém, se o próprio Lincoln pondera sobre sua atitude sem lhe tirar o mérito, dadas as limitações com as quais teve que lidar, Spielberg terá ponderado com relação a sua própria empreitada, com seu final apologético em que se extrai dos discursos de Lincoln justamente um que faz menção a uma duradoura paz dos Estados Unidos não apenas consigo próprios mais igualmente com todas as outras nações? DreamWorks SKG/Twentieth Century Fox Film Corp./Reliance Ent./Participant Media/Dune Ent./Amblin Ent./The Kennedy-Marshall Co. para 20th Century-Fox. 150 minutos.

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