Filme do Dia: Amor e Anarquia (1973), Lina Wertmüller
Amor e Anarquia (Film d'amore e d'anarchia, ovvero
'stamattina alle 10 in via dei Fiori nella nota casa di tolleranza...,
Itália, 1973). Direção e Rot.
Original: Lina Wertmüller. Fotografia: Giuseppe Rotunno. Música: Nino Rota
& Carlo Savina. Montagem: Franco Franticelli & Fima Noveck. Dir. de
arte: Gianni Giovagnoni. Figurinos: Enrico Job. Com: Giancarlo Giannini,
Mariangela Melato, Lina Polito, Eros Pagni, Pina Cei, Elena Fiori, Giuliana Calandra,
Isa Bellini, Isa Danieli.
Itália,
anos 30. Tonino (Giannini) viaja à Roma com planos para matar Mussolini, com o
apoio da prostituta Salome (Melato), ambos anarquistas. No bordel, no entanto,
ele se apaixona por uma das prostitutas, Tripolina (Polito). Tripolina,
completamente apaixonada consegue convencer Salome a não acordá-lo pois sabe
que será sacrificado por seu ideal. Tonino, ao acordar, mata alguns soldados
fascistas e é torturado e morto na
prisão.
No auge de
sua carreira, Wertmüller, cujos filmes mais conhecidos são Pascalino 7 Belezas (1975) e Mimi,
o Metalúrgico (1971), consegue efetivar uma obra mediana, com alguns bons
momentos, graças em grande parte a interpretação comovedoramente verossímil de
Giannini (que ganharia o prêmio de melhor ator em Cannes). É digno de nota,
nesse sentido, um momento em que o protagonista observa enternecido sua amada.
Porém, já aqui se percebe a dificuldade para a concisão e o sentimentalismo que
se tornariam crônicos em sua produção posterior, bem menos interessante. No
mais, persiste seu olhar sobre a opressão feminina e a mulher como provedora e
fonte dos sentimentos contra o rude belicismo masculino. Tendo sido assistente
de Fellini, Wertmüller enfatiza algo de seu mestre na forma extremamente
caricatural com que descreve o grupo de prostitutas do bordel, sobretudo numa
seqüência em que apresenta suas estratégias de conquista para a mais diversa
clientela, sendo as poses, o tom farsesco e até os movimentos de câmera
evidentemente devedores de Fellini. Porém, falta maior fôlego e em alguns
momentos o filme se torna um tanto quanto arrastado, com subenredos que não
levam a muita coisa em relação à temática principal. Nenhum pecadilho se o
objetivo fosse o da descrição fantasiosa das memórias de infância envolvendo
uma comunidade inteira, como Fellini efetivaria contemporaneamente com seu Amarcord – também possuidor de seu tipo fascista caricato, porém conseguindo ser
histriônico – o que está longe de ser o
caso aqui, em que existe uma estrutura narrativa bem mais convencional. 120
minutos.
Comentários
Postar um comentário